terça-feira, 30 de maio de 2017

Assédio no metrô

Por Ariel Fernandes e Brenda Diniz*

Um dos cartazes da Campanha do Metrô.

Em meio à Campanha “Você não está Sozinha” do Metrô de São Paulo, que conta com cartazes espalhados em vários pontos dos vagões e estações, os abusos sexuais continuam crescendo. Dados obtidos com exclusividade pelo G1 revelam que houve um aumento de 26%, em comparação ao ano passado, no número de assédios registrados entre janeiro e setembro de 2016.

Em julho deste ano, Carolina**, 22 anos, foi abusada às 8 horas da manhã em seu trajeto rotineiro a caminho do trabalho. Um homem com trajes executivos se  posicionou muito próximo à ela, na estação República, Linha Amarela do Metrô. Quando as portas do vagão  fecharam e o trem passou a se movimentar, o abusador agiu.

Segundo a vítima, de maneira discreta ele passou a se apertar contra ela, que notou a ereção do abusador. Assim que a estudante se deu conta do  que estava acontecendo, paralisou. “Eu tentei olhar
pelo vidro e consegui ver o cara de olhos fechados com a cabeça para cima. Parecia que eu tinha virado pedra”, relata. “Eu estava sozinha, sozinha. Não tinham testemunhas, e quem me garante que ia acontecer alguma coisa com o cara? Não quis me humilhar mais”, desabafa.

O choque que a situação proporciona faz com que a vítima fique sem reação. A jovem estudante, Melissa**, 19 anos, diz ter tido reação semelhante. Desta vez o abuso aconteceu na estação Ana Rosa, Linha Azul do Metrô. Segundo ela, um rapaz que pedia dinheiro dentro do vagão, por meio de bilhetes, a puxou pelo braço no momento em que ela foi devolver o papel. “Eu fiquei em choque, estava no último vagão, que estava vazio, e era domingo à noite”, diz. Horas depois, ainda em seu trajeto para a casa, na estação Sé, um homem sentou ao seu lado no banco de passageiros.“Eu senti algo na minha cintura, ele estava tentando levantar minha blusa”.

Ainda abalada pelo outro abuso, Melissa conta que se sentiu extremamente vulnerável por estar vivendo a mesma situação em um intervalo de minutos tão pequeno, mas dessa vez não se calou. “Eu estava me sentindo péssima por não ter feito nada há minutos atrás, quando percebi aquilo acontecendo de novo, no mesmo dia e praticamente na mesma hora, não consegui ficar quieta. Empurrei, chutei, gritei. Não lembro direito o que fiz, só sei que o cara saiu do vagão quando a porta abriu na próxima estação”. Segundo Melissa, não contar com o apoio dos funcionários do Metrô, ou, ao menos, dos poucos passageiros que presenciaram a cena foi uma das piores coisas. Ela diz não ter pensado em denunciar, pois também estava sozinha e não quis pedir para desconhecidos testemunharem sobre algo tão delicado e que só ela tinha dimensão de como aconteceu.

O Metrô de São Paulo divulga o número (11) 97333-2252 para que os usuários mandem mensagens de texto denunciando qualquer tipo de crime ou infração presenciada, incluindo abusos sexuais. Para as vítimas, o sistema de SMS estabelecido pela campanha “Você não está Sozinha” é ineficiente. 94% dos casos de abuso entre 2011 e 2015 não foram registrados como crime pela Polícia Civil do Estado de São Paulo e sim como “importunação ofensiva ao pudor”, o que configura contravenção com liberação após pagamento de multa, caso o abusador seja identificado, detido e encaminhado ao Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano). Tal fator é um agravante para a descrença das vítimas na política de segurança do Metrô. A especificação da ação como crime ou contravenção vai depender de um conjunto de evidências e pode até requerer testemunhas.

Apenas 23 casos (4% do total) foram registrados como violação sexual mediante fraude e 12 (2%), como estupro. É o que aponta levantamento inédito feito pelo Fiquem Sabendo com base em dados da própria Delpom, obtidos por meio da Lei Federal nº 12.527 (Lei de Acesso à Informação).

**Nomes fictícios a pedido das personagens para não serem expostas.

*Estudante do 4º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM.
Especial Perrengues e alegrias no transporte público de São Paulo na disciplina Redação Jornalística. Leia mais dentro desta série: Trens "abrem vagas" com o desemprego.
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Desemprego: comércio ambulante nos trens "abre vagas" em São Paulo

Por Luis Antonio e Cristiane Carvalho*

A taxa de desemprego no Brasil atingiu 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São mais de 13 milhões de pessoas desocupadas, uma alta de 11,7% (o que representa mais de 1,4 milhão de pessoas quando comparada ao trimestre encerrado em novembro de 2016).

Com a crise econômica, alta de terceirização de setores, falta de capacitação, entre outros aspectos, alguns encontram oportunidade no trabalho informal.

Um destes cenários, e muito frequente, é comércio ambulante nos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Para conquistar - ou incomodar alguns - passageiros, os vendedores esbanjam criatividade, esperteza e boa lábia. Variadas são as opções: de balas e doces, cartões de memória, fones de ouvido, pen-drives e até apresentações musicais.

Arnaldo Silva, de 21 anos, vendedor e ex-presidiário, aprendeu com o primo de sua mulher a vender balas no farol. “No primeiro dia no farol, fiz R$ 100. E fui. Depois quando soube que meu amigo morreu e minha filha ficou internada, desanimei”, lamenta. Após esta situação, começou a vender balas, água e pururuca nos trens da Linha 11 da CPTM para aumentar a renda.

Dentro dos vagões, eles fingem como passageiros comuns. Alguns, andam acompanhados para carregar a mercadoria do parceiro e alertar sobre qualquer suspeita, já que o comércio, por lei, dentro dos trens é proibido. “A maioria das pessoas que seguram mercadoria acabam perdendo a vergonha e saem vendendo também”, explica Arnaldo.

Ele conta que sua mulher também começou a ajudar, porque ficou desempregada. “Ela trabalhava, só que a firma entrou em falência. Estava pesado para pagar aluguel, pagar as contas, fazer compras e nos manter. As coisas não estão fáceis”, desabafa.

Se não tem nenhum segurança por perto, surgem bordões como ‘olha patrão, olha patroa, o produto vem de Moscou. “Moscou”, o guarda levou’.

No entanto, o número de denúncias sobre venda ilegal nos trens cresceu 170% de 2015 a 2016, segundo a CPTM, por causa da facilidade que usam para vender. “Eu já vi passageiros que reclamam, se incomodam, porque querem ter conforto. Mas é o ganha-pão deles”, diz Thaís Souza, usuária da Linha 8 - Diamante.

Arnaldo encontrou uma solução, mesmo com as circunstâncias de ser pego pelos seguranças das estações ou a denúncia dos usuários. “Eu prefiro vender umas balas do que tirar dos outros. Tem gente que critica e respondo que prefiro vender bala do que vender droga para seu filho”, conclui.

*Estudante do 4º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM.
Especial Perrengues e alegrias no transporte público de São Paulo na disciplina Redação Jornalística. Leia mais dentro desta série: Amor por entre os trilhos.
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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Especial - Carnaval de São Paulo - Império de Casa Verde

Quem sua a camisa todo o ano para colocar as escolas de samba na avenida? Confira o especial CARNAVAL DE SÃO PAULO - HISTÓRIAS DE QUEM FAZ A FESTA ACONTECER.

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O império de Tiguês

Por: Alan Freire e Julia Santos*

Tiguês em frente ao barracão da Império / Foto: Julia Santos
Nascido no bairro Jardim Cidalia, na região da Cidade Ademar, Rogério Figueira Ribeiro, ou Tiguês, desfilou pela primeira vez aos três anos, em 1979, na abertura de um torneio de várzea de um campeonato na “Copa Arizona”. Tiguês foi criado na companhia dos tios que tinham um time de futebol de várzea, o “figueirense”, e esse time só jogava fora pois não tinha campo próprio, e isso fez com que o jovem, hoje com 41 anos, se desloca-se por toda a cidade de São Paulo.

O futebol se misturava com a batucada e este ambiente acabou se tornando propício para que Rogério tivesse seus primeiros contatos com o ritmo do carnaval. “Eu ia de fralda para os jogos” destaca. O apelido de Tiguês é em virtude de sua descendência portuguesa. “Todo menino português antigamente era chamado de Tiguês”, lembra Rogério.

A paixão de Rogério pelo samba só fez crescer. No entanto, ele não planejava que anos depois estaria à frente de uma das maiores escolas de samba de São Paulo. Em 1994 tornou-se ritmista da escola de samba Gaviões da Fiel, “Fazer parte deste universo foi o que eu sempre quis desde pequeno”, conta Rogério. Apesar de tocar todos os instrumentos da bateria, sua afinidade era com a caixa. Ao longo de uma década de participação na escola, o então ritmista notou um grande crescimento na qualidade dos desfiles paulistanos. “Naquela época existia um equilíbrio entre três escolas: Rosas de Ouro,
Camisa Verde e Branco e Vai-Vai”. Através desse olhar crítico, Rogério pode levar inovação para a Império de Casa Verde, sua futura escola.

O ano de 2004 trouxe uma reviravolta em sua trajetória com o samba. Ingressando na Império de Casa Verde, junto a ex-integrantes da Gaviões trazidos pelo mestre de bateria Robson Campos, o Zoinho, Rogério Figueira (Tiguês) chegou no momento em que a Império perdeu no quesito bateria no carnaval do mesmo ano. A escola de samba da comunidade da zona norte paulistana estava em seu segundo ano no grupo especial do carnaval. O ambiente era familiar a Rogério. “A Império pegou carona nos carros da Gaviões da Fiel, muito grandes, bem acabados com alegorias enormes”. A linha de produção e alegorias herdadas da também componente do grupo especial ajudou a escola recém chegada a conquistar dois títulos seguidos a partir do ano em que Zoinho e sua bateria somaram à agremiação, “Fez uma diferença muito significativa para que a Império tivesse logo no terceiro ano no grupo especial um bicampeonato (2005 e 2006)”, avalia Tiguês.

Seis anos após a entrada, Rogério relata um dos momentos mais decisivos em sua carreira no carnaval. “Por conta de uma fratura no braço, acabei desfilando como apoio. A partir daí virei chefe de ala, diretor de harmonia. Um dia o presidente me convidou para ser diretor de carnaval da escola.”

O convite de Alexandre Furtado, presidente da Império de Casa Verde, surgiu em 2013 e no ano seguinte Rogério Figueira assumiu o cargo, ampliando sua responsabilidade com a escola e levando sua produtividade e “paixão imperiana” para todas as alas. “O carnaval hoje é muito profissional, mas eu nunca quis mudar. A Império é uma escola que eu gosto, amo e acabo  ficando. Além da paixão, é uma responsabilidade muito grande agregar os diversos setores da escola”, descreve o diretor.

Apesar de ser paulistano, Rogério também conhece o carnaval carioca e destaca as principais semelhanças e diferenças da maior festa popular do Brasil no trecho Rio-São Paulo. “Estudei os diversos modelos de carnaval existentes aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro. A cultura do paulistano é praia ou interior. São Paulo é multicultural, e isso não dá o apego ao samba”, explica Tiguês, que desfilou também na Sapucaí e aprecia os dois polos carnavalescos explorados no país.

Rogério foge do mito de que quem trabalha com carnaval restringe seu tempo e dedicação a esse tipo de função. Seu ambiente de trabalho vai além dos muros do barracão, com uma microempresa dedicada à fantasias. “Trabalhar com o carnaval é muito gostoso para se aprender. Mas não vou dizer que quero trabalhar o resto da vida com isso”. Apesar de se dedicar ao universo do carnaval e contar com um cargo significativo dentro de uma escola de samba do grupo especial, Rogério Figueira (Tiguês), paulistano da zona sul, reserva tempo para a esposa e o filho Leonardo, de três anos, que não aderiram ao samba.

Idade não é documento

Com 23 anos de atividade, formada por membros dissidentes da tradicional Unidos do Peruche, a Império de Casa Verde, que leva as cores azul e branco, coleciona seis títulos de campeã, sendo três no grupo especial e os demais no grupo de acesso. Com pouca idade e muita tradição, a escola não é uma das mais tradicionais. Pelo contrário, é uma das mais novas, tanto que foi apelidada como “Caçula do Samba”. Uma das maiores de São Paulo.

A Império sempre usou materiais mais nobres, não se preocupando somente com o olhar dos jurados. “A maioria das pessoas que trabalham na produção moram em Parintins (Amazônia), e chegam no meio do ano para os preparativos do desfile. Essa união de tradições é muito importante.”

Composição da alegoria “elemento água” usado no carnaval 2016 / Foto: Julia Santos

Aprendendo com os erros

No carnaval de 2012, a Império de Casa Verde sofreu uma grande crise quando Tiago Ciro Tadeu Farias, então componente da escola, rasgou os envelopes com as notas do último quesito da apuração. O ocorrido levou ao corte de verbas da escola como penalização para o desfile do ano seguinte. “Foi nesse carnaval (2013) que sentimos que a escola era realmente grande”, lembra Tiguês.

No ano seguinte ao acontecimento, o enredo trazido pela Império levava o nome de “Pra todo mal, a cura. Quem canta seus males espanta!”, garantindo a quinta colocação. Rogério avalia a perda. “Só não vencemos, pois a fantasia de uma componente da comissão de frente caiu”. Após o resultado de um desfile sem verbas, a escola contou anos consecutivos em posições abaixo do esperado (oitavo, em 2014 e 2015), “Em 2015, houve muita mudança para as demais escolas, que estavam melhores colocadas”, descreve o diretor.

Com a chegada do carnavalesco Jorge Freitas para o carnaval de 2016, o projeto da escola agradou a comunidade, os membros e aos jurados de carnaval que a consagraram com o título de campeã pelo enredo “O Império dos Mistérios”. No ano de 2017, a escola conquistou o 4° lugar, se destacando ao usar o tema “Paz: O Império da Nova Era” de forma criativa, mantendo o alto padrão de investimento em alegorias luxuosas.

Mais que membros, artistas

“A gente costuma dizer que na comunidade da “Império” não temos um ou dois artistas famosos que chamam a mídia, mas sim 2.500 artistas, que têm pesos diferentes dentro da escola.”

Com a participação de Lívia Andrade (atriz, apresentadora e modelo) como madrinha de bateria e Valeska Reis (assistente de palco do programa “Hora Do Faro”) como rainha, a Império de Casa Verde não acumula a tradição de desfilar com famosos, “Não queremos valorizar artistas, porque muitas vezes não há uma emoção e o entrosamento com a escola”, garante o diretor Rogério Tiguês.

Ao contrário do carnaval carioca, o paulistano costuma reunir poucas celebridades em destaque. A escola de samba que representa a região da Casa Verde costuma valorizar os funcionários, equiparando-os aos artistas, “Aqui o componente é o artista. É claro que qualquer famoso que chegar na escola será bem recebido, mas buscamos artistas daqui”, finaliza.

A escola inova ao trazer um mestre-sala japonês. Trata-se de Tsubasa Miyoshi, 36, integrante da Império há mais de 12 anos. Os componentes não o tratam como celebridade de televisão, mas como artista. Vindo da periferia de Tóquio, Miyoshi ainda está se adaptando com o sotaque brasileiro. “Nunca tive problemas com a língua. Quando não sei como dizer, sorrio”, afirmou ao portal Terra.

Quando levou o título em 2016, a escola premiou os funcionários da limpeza, cozinha e almoxarifado com a presença no desfile das campeãs, “Eles desfilaram em cima do carro, e para eles foi uma surpresa”, relata Tiguês, emocionado. “Gostamos de valorizar as pessoas que fazem a escola acontecer, que fazem da escola uma artista”, complementa o diretor de carnaval da Império de Casa Verde, escola de samba que planeja para 2018 um enredo valorizando a cultura popular: “O povo, a nobreza real”, baseado no musical “Os Miseráveis”.

*ESPECIAL CARNAVAL DE SÃO PAULO - PERFIS, produzido pela turma do terceiro semestre matutino de Jornalismo na disciplina Jornalismo Cultural. Leia mais: Unidos do Peruche.
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terça-feira, 16 de maio de 2017

Amor por entre os trilhos

Casais que moram longe encontram no Metrô de São Paulo a escapatória para a solidão diária.

Por Tereza Amabile*

Na cidade onde sete em cada dez paulistanos admitem que se pudessem sairiam da capital, não é difícil de imaginar o quão estressante e corrida é a rotina. Os descontentes, segundo os Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (IRBEM), já somam 68% da população. Os números são da pesquisa feita pela Rede Nossa São Paulo, junto com o Ibope, em 2015. Dentre as maiores causas de insatisfação, problemas com o trânsito e o transporte público ocupam o terceiro lugar na lista de reclamações.

Porém, é em meio à pressa contínua que a metrópole abriga, particularmente por entre os trilhos do Metrô, que encontramos o que se canta já não existir. Escondidos por entre as vigas de concreto cinza, durante aqueles (muitos) minutos esperando o trem surgir na plataforma, casais se aninham uns aos outros por alguns instantes até que sigam seus caminhos habituais.

Sentados no chão da estação República, Carina Alencar, 24, e Wiliam de Paula, 26, se encostam timidamente enquanto conversam. Namoram há duas semanas e contam que se encontram lá por ser o lugar mais vantajoso para os dois. Ele mora no Jabaquara, zona sul da cidade, e leva cerca de uma hora e meia para chegar em casa. Ela, na Cidade Tiradentes, extremo leste da capital, e demora duas
horas e meia. Se conheceram no trabalho e desde então se encontram na estação para conversar. “É muito disputado um lugar por aqui! ”, conta Carina sorrindo. No meio de tantos outros casais, ficam mais ou menos três horas juntos por lá, antes de irem para casa.

Sara Aldencio e Wesley Almeida, ambos com 20 anos, se encontram ao lado das escadas rolantes da estação Sé há quase um ano. Contam que por ele morar próximo à Linha Azul e ela à Vermelha, a Sé é a melhor alternativa para se verem. Sara relata que certa vez, enquanto estavam juntos, um rapaz olhou fixamente por muito tempo para ela, o que a incomodou. “Fui lá tirar satisfação com ele, não gosto desse tipo de atitude”, explica. Saem do trabalho e param por cerca de uma hora para se verem e depois também voltam para casa.

Grudados e encolhidos em uma das quinas das escadas fixas da Sé, Lilian Menezes e Felipe Mattos, de 19 anos, contam que tentam sempre se encontrarem lá, nem que seja rapidinho, antes de irem para a faculdade. Ficam geralmente só 20 minutos. Estão nessa rotina desde que estão juntos, há mais ou menos um mês. Moram distantes um do outro, ele em Itaquera, zona leste da cidade, e ela em Itaquaquecetuba, município de São Paulo. Assim, encontraram o Metrô como forma de otimizar o tempo de ambos, para poderem perder um pouquinho de tempo um com o outro.

No outro canto da estação, entretidos com algo no celular, estão Lucas Fernandes, 23, e Estefania Bernardes, 22. Relatam que fazem a mesma faculdade, mas se encontram na estação da Sé depois do trabalho, pois estudam de manhã. Estão juntos há 11 meses e desde sempre tivera o chão do Metrô como forma de passar mais tempo juntos, já que também moram muito longe. Ele sai da Liberdade, na zona central da capital, ela, do Belém, zona leste da cidade, onde ambos trabalham. Se dizem acostumados com a privação que o espaço implica e passam mais ou menos duas horas diariamente por lá. Ao serem questionados sobre alguma história inusitada que já presenciaram na estação, Estefania se adianta e exclama animada: “Ele me pediu em namoro aqui! ”. Fernando sorri e revira os olhos.

Mais boas histórias sobre transporte público em São Paulo em A violência nos dias de jogos.

*Estudante do 4º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM.
Especial Perrengues e alegrias no transporte público de São Paulo na disciplina Redação Jornalística.
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Torcedores: a violência no transporte público nos dias de jogos

Lotação, lentidão e brigas entre torcidas organizadas dificultam a ida aos estádios em São Paulo.

Por Laís Oliveira*

Os torcedores que frequentam os estádios na capital de São Paulo enfrentam grandes problemas relacionados ao transporte público. Seja pelo difícil acesso, distância, horário dos jogos e principalmente pela falta de segurança.

Muito já se discutiu para que ocorra a mudança dos horários das partidas semanais, que fazem o torcedor se deparar com a pouca disponibilidade de transporte e o perigo do retorno tão tarde para casa, mas o grande impasse para que isso não aconteça é o direito de transmissão adquirido pelas emissoras. Com isso, elas não permitem a alteração em suas grades e definem tanto horário quanto quais jogos serão transmitidos.

Sobre a segurança, a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) afirma, em seu site oficial, que realiza um esquema especial para dias de jogos em parceria com o Metrô e a Polícia Militar. Porém, as brigas e episódios violentos dentro das estações e terminais ainda são constantes e fazem diversas vítimas.

A corinthiana Kayanni Cardona, 21 anos, conta que nem foi ao estádio para assistir a um clássico contra o Palmeiras no ano passado. Preferiu ver em um bar e, ao voltar, usando o metrô se deparou com uma cena de assédio. "Depois do jogo, alguns palmeirenses estavam no vagão e beberam muito, então começaram a assediar fortemente uma menina que estava uniformizada com a camiseta do Corinthians, como eu, e sozinha”, conta.

Segundo o sociólogo Mauricio Murad, pesquisador da violência no futebol, em entrevista à Folha de São Paulo, desde 2010, foram 113 mortes relacionadas ao esporte no Brasil. De todos os crimes registrados desde 2014, apenas 3% foram punidos.

Os dados não são exclusividade dos estádios, se estendem ao transporte, já que, além de brigarem durante os jogos, os torcedores organizam confrontos antes e depois das partidas. “A segurança é pouca, principalmente por ser um período maior do início e final do jogo, cerca de 2 horas", afirma Kayanni.

A qualidade do transporte público já é outra pauta constante de debates do noticiário diário e o trabalhador que enfrenta diversas dificuldades para se locomover na cidade durante a semana vê o problema se intensificar quando tira um tempo para ver seu time do coração. “Em dias de jogos dependendo da linha, fica insuportável e muito lento, é um número muito grande de pessoas indo para o mesmo lugar”, diz Cardona.

Não é só na capital paulista 
As brigas de torcidas organizadas no transporte também se estendem para outros locais, de maneira tão brusca quanto as que ocorrem em São Paulo. Na cidade de Goiânia, capital de Goiás, a rivalidade entre a torcida do time que leva o nome do estado e a do Vila Nova também já gerou muitos atos de violência.

O torcedor Johnny Marques, 26 anos, livrou-se de um desses episódios, mas o que mais chama atenção é que ele não torce para nenhum dos dois clubes e estava apenas com uma camisa verde, que é a cor do Goiás, esperando o ônibus. ”Um torcedor veio em minha direção para conversar comigo e me alertar que a torcida organizada do Vila Nova estava entrando no terminal e era melhor eu ter sorte em meu ônibus chegar senão o pior aconteceria. Assim que ele me alertou, meu ônibus chegou e pude sair do local”, conta.

Normalmente os confrontos ocorrem nos terminais de ônibus e atingem muitos que não estão envolvidos com a confusão, com isso, as companhias responsáveis pela fiscalização junto a Polícia Civil tentam alternativas para conter e evitar os conflitos, porém, como em São Paulo, ainda não são de fato efetivas.

De certa forma essa sensação de insegurança e impunidade dos envolvidos afasta as famílias não só dos estádios, mas também do transporte no dia das partidas. “O caos causado por alguns torcedores impossibilita de ter tranquilidade em dias de jogos, ele faz você pensar duas vezes em sair de casa, os passageiros ficam à mercê de um grupo que acha que por estar com camisetas de times tem o direito de causar medo em quem está voltando para casa depois de um longo dia de trabalho”, comenta Johnny.

Mais histórias sobre transporte público em São Paulo em O amor entre os trilhos.
Mais sobre Esportes - clique aqui.

*Estudante do 4º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM.
Especial Perrengues e alegrias no transporte público de São Paulo na disciplina Redação Jornalística.

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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Especial - Carnaval de São Paulo - Unidos do Peruche

Quem sua a camisa todo o ano para colocar as escolas de samba na avenida? Confira o especial CARNAVAL DE SÃO PAULO - HISTÓRIAS DE QUEM FAZ A FESTA ACONTECER.

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Thais Paraguassú é do escritório, do ateliê e da avenida

Por Lucas Lima Oliveira*

Thais Paraguassú da  Unidos do Peruche / Foto Amando Bruck/Sasp (http://sasp.com.br/index.php/fotos/)
18h30 e o portão da Unidos do Peruche, na zona norte de São Paulo, se abre. Sorridente, Thais Paraguassú,  primeira porta-bandeira da escola, entra, cumprimenta os funcionários, liga a luz da quadra e se prepara para aproximadamente três horas de ensaio. É assim todas as quartas-feiras. Pelo menos por enquanto. Conforme os meses vão passando, os ensaios tomam mais dias da agenda de Thais. A partir de novembro, ela terá apenas um dia livre de ensaios. Mas ter uma rotina corrida já é normal para a porta-bandeira da filial do samba, apelido da escola localizada no número 1040 da rua Samaritá, Jardim das Laranjeiras.

Thais é também secretária da Federação da Agricultura. Há três anos, se formou em Design de Moda e realizou o sonho de montar sua grife de roupas carnavalescas. “Desde 2006, 2007 eu faço roupas para outras pessoas. Mas o ateliê mesmo existe há três anos, na Pompeia. Minha mãe é costureira. Quando virei porta-bandeira, ela começou a fazer minhas roupas. Eu fui para Imperador do Ipiranga e lá eu dançava com um mestre-sala carioca (lá no Rio as roupas eram diferentes). Então eu sempre pedia, 'faz alguma coisa diferente, mais ousada.’ Aqui é tão comportada. Até que um dia eu disse: ‘Mãe, me ensina aí vai’, porque aí eu conseguiria tirar o que estava na minha cabeça, já que não sabia explicar. Ela me ensinou e comecei”, comenta Thais, que faz todas suas roupas de ensaio e de alguns integrantes da Peruche. No carnaval de 2017, produziu as fantasias da Velha Guarda.

Sua relação com o carnaval é longa. Atualmente com 36 anos, começou a desfilar em 1992, quando tinha 11. Só não iniciou antes porque os pais não deixavam. Grande parte da família cresceu na quadra da Peruche. Em especial sua tia, Rosangela Paraguassú, que observou de perto a escola crescer. “A Thais sempre morou comigo, então a convivência é bem forte. Depois que ela começou a desfilar, só queria saber de dança. Não tinha tempo para aprontar, sempre foi uma boa menina”, comenta Rosângela, que acompanha a sobrinha até hoje, nos ensaios e nos desfiles.

“De 92 até 99 eu desfilei  na Peruche em alas, carros alegóricos. Dependia o ano. Em 2000 eu virei segunda porta-bandeira. Em 2001 eu fui pra Imperador do Ipiranga, também como segunda porta-bandeira, e em 2002, saí como primeira, na Acadêmicos do Tucuruvi. Fiquei lá até 2014. Quando eu voltei para a Peruche, em 2015, eu senti um peso tão grande em cima da gente.  A escola estava apostando todas as fichas para ser campeã. Eu tenho uma cobrança interna sabe, então, meu Deus do céu, se não trouxer a nota, se não conseguir, quanta gente eu vou decepcionar”, explica Thais sobre o campeonato de 2015, quando a agremiação estava no grupo de acesso. Naquele ano, a Unidos do Peruche conseguiu garantir sua volta ao grupo especial.

"Quando a gente vê o amor que as pessoas têm, só de olhar no olho de quem idolatra a escola, é uma emoção muito grande. Só quem é de dentro sabe”.


“Antes de voltar, eu pensei lá nos anos 2000. Minha família retornou para a escola, minha tia nunca chegou a sair. Então me animei: ‘vamos lá, tem uma proposta boa, um projeto bom da escola se reerguer.’ Um presidente novo, com novos objetivos. Eu falei: ‘eu vou para ajudar, ver a Peruche que via quando era pequena'. Até porque a escola estava se perdendo. Ficou muito tempo no grupo de acesso, estava perdendo sua história mesmo. Não me arrependo de ter voltado”, complementa a porta-bandeira.

Hoje, além de dividir seu tempo como secretária, designer de moda e porta-bandeira da Unidos do Peruche, Thais Paraguassú desfila também pela X-9 no litoral paulista, e onde mais chamarem. “Eu tenho um amor muito grande pela X-9. Fui convidada pelo presidente na época. Desfilo lá há três anos. Já me apresentei também em escolas do interior. Tem lugares que adoraria voltar, mas outros nunca mais. Às vezes falta organização. Tem carnaval no país todo. Tem desfile até em Manaus e é lindo", comenta.

A porta-bandeira se troca e seu parceiro, Jefferson Gomes, chega para o ensaio, de azul e uma camiseta de São Jorge. “Olha ele, veio de São Jorge”, fala Thais em tom humorado. Será o primeiro carnaval do casal. Jefferson é novato na escola, até, por isso, eles resolveram começar a ensaiar bem cedo.

“Desfilar não cansa. Dói, pesa, machuca, mas só se sente depois”.

“Eu dancei sete anos com o Robinson da Silva na Tucuruvi.  Em 2015, dancei com ele aqui também. Em  2016 e 2017 eu me apresentei com o Fabiano Dourado, que já havia dançado na Tucuruvi. Agora estou começando com o Jefferson, pessoa que eu nunca imaginei que iria trabalhar. É uma mudança grande, tanto que a gente já começou a ensaiar,  é foco. Temos um objetivo e vamos em frente. É difícil, é diferente, mas estamos unidos pelo melhor “, analisa Thais.

O ensaio começa. Com a quadra vazia, Jefferson liga uma pequena caixa de som, suficiente. Com um largo sorriso, Thais, vestida toda de azul, ostenta a bandeira da filial. “Ser porta-bandeira e ostentar o pavilhão da escola é uma honra enorme. Quando a gente vê o amor que as pessoas têm, só de olhar no olho de quem idolatra a escola, é uma emoção muito grande. Só quem é de dentro sabe”, emociona-se.

"Têm pessoas de fora, que não são do carnaval, que não gostam. Tem gente que fala: ‘Ah, você vai pro desfile?’ ‘Você dança pelada? Coisas assim. Aí eu tento explicar. Tento colocar na cabeça das pessoas.”

O casal discute a respeito dos passos e tudo que se pode se imaginar é uma quadra cheia, o par com suas roupas luxuosas, no centro do local. E quando se fala em fantasia, é bom enfatizar que a vestimenta de uma porta-bandeira pesa em torno de 20kg. Porém Thais não liga. Não sente na hora da avenida. “Tudo passa tão rápido no dia, você nem vê”, diz. “Desfilar não cansa. Dói, pesa, machuca, mas só se sente depois”, complementa.

E se dentro da escola a paulistana, que sempre morou na zona norte da cidade, não sente desconforto algum em se apresentar, a porta-bandeira ouve o preconceito de quem olha de fora. “Dentro do meio me sinto totalmente confortável. Nunca sofri nada. Têm pessoas de fora, que não são do carnaval, que não gostam. Tem gente que fala: ‘Ah, você vai pro desfile?’ ‘Você dança pelada? Coisas assim. Aí eu tento explicar.” O ensaio continua e o casal corrige alguns passos. Dão risada. “Eu costumo opinar sobre o que está bom ou o que não está. Quando era o outro mestre-sala, eu falava mais. Mas ainda dou palpite sim”, comenta Rosângela.

"Eu tenho uma cobrança interna sabe, então, meu Deus do céu, se não trouxer a nota, se não conseguir, quanta gente eu vou decepcionar”

“Minha tia, Rosangela, é Peruche doente. Eu comecei aqui porque minhas tias sempre frequentaram a escola”, relata Thais, que mesmo há tanto tempo ativa no carnaval, não foi campeã nenhuma vez no grupo especial. “O melhor carnaval para mim foi em 2013, na Tucuruvi. O enredo era sobre o Mazzaropi.  Ficamos, se não me engano, em quarto lugar. Em 2011, com a Tucuruvi, fui vice-campeã.”  Mas se há momentos que valem lembranças, existem também os que Thais quer esquecer. “Em 2016, não foi tão bom. Nós tivemos muitos problemas com fantasias. Eu perdi muita nota neste quesito. Quando você perde nota em uma coisa que não é culpa sua, dói. Dói mais. A preparação foi legal, mas o desfile, não foi nem um pouco bom”, relembra.

De olho em 2018

A luta pelo título já começou na Unidos do Peruche, e a escola, conta com a determinação e o foco de sua sorridente e carismática porta-bandeira e de seu mestre-sala, que se diverte no ensaio, rodeando o símbolo da escola fixado no chão. “A escola está crescendo, o nosso presidente tem muita vontade de fazer o melhor, ele é muito competitivo. Às vezes o resultado não é como a gente imagina. Mas quem está com ele sabe o quanto trabalha", ressalta Thais.

Em 2018, a Peruche virá com um enredo em homenagem a Martinho da Vila. E ele já prometeu desfilar.  Enquanto isto não acontece, Thais Paraguassú vive o carnaval em sua rotina maluca. “Como eu trabalho até às 17h, resolvo meus compromissos do carnaval a partir das 18h”, comenta.  Logo mais os ensaios aumentarão para três dias da semana. A partir de novembro, Thais praticamente não ficará em casa. Terá apenas um dia de folga da quadra.

Há também as encomendas do ateliê. E ela adora tudo isso. Percebe-se na alegria ao falar sobre o assunto. Nunca pensou em abandonar esta vida. Thais sorri, balança a bandeira. Se solta. “É claro que dá orgulho. Eu vejo a Thais desde pequena até aqui. É uma evolução muito grande”, finaliza a tia Rosângela, mas que também pode ser considerada uma segunda mãe.

*ESPECIAL CARNAVAL DE SÃO PAULO - PERFIS, produzido pela turma do terceiro semestre matutino de Jornalismo na disciplina Jornalismo Cultural.

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terça-feira, 2 de maio de 2017

A criatividade em Hollywood (ou a falta de)

Sequências, reinícios e remakes são sinônimo de boas ideias? Ou são o mais do mesmo?

Por Welington Sousa*

Até o final do ano, pelo menos 43 sequências, reinícios e remakes estão programados em Hollywood (atenção, no final deste parágrafo, este número pode subir, já que a indústria do cinema pode anunciar a qualquer momento novidades derivadas de sucessos novos ou antigos). Deste total, mais de 20 são o terceiro, quarto, quinto (...) filme da série. As apostas para as grandes bilheterias do ano incluem: a oitava produção de Velozes e Furiosos e a sétima de Transformers. Veja a lista completa aqui


Ainda há criatividade em Hollywood?
Com novos filmes do Godzilla e do King Kong em 2017, o gorila gigante teve sua 6ª participação nos cinemas desde de 1933, ano do lançamento do primeiro filme do primata.

O longa Transformers: A Era da Extinção (2014), o quarto filme da série dos robôs gigantes, obteve apenas 5,7 pontos de 10 no site IMBD onde espectadores cadastrados dão notas de 0 a 10 no que viram e disso se extrai uma média que leva em conta diversos fatores. Há também a nota dos críticos. Mas esse episódio de Transformers arrecadou mais de 1 bilhão de dólares em bilheteria, ao redor do mundo, sendo o filme mais lucrativo do ano de 2014 e o 16º que mais arrecadou na história. Com personagens amplamente conhecidos, esse tipo de sequência apela para o público como reconhecível, garantindo uma renda constante.

Exagero e o desgaste dos personagens
Depois de se firmar como uma das grandes franquias da última década, no mês de abril chegou aos cinemas o oitavo filme de Velozes e Furiosos. Toda vez que um novo longa da franquia é lançado a Universal Estúdios fatura milhões em bilheteria, no caso do 7º filme mais de 1 bilhão de dólares.

Apesar da franquia se arrastar desde 2001 ainda leva multidões às salas. O universitário Ricardo Ramos conta que não acompanha todo tipo de sequência. "Assisto a algumas que realmente são novos capítulos da história ou são uma versão totalmente nova. Evito filmes que se repetem a cada sequência lançada como Velozes e Furiosos".

Vale lembrar que a Universal garantiu a franquia de Velozes e Furiosos até a décima edição, com datas de lançamento até em 2021, ou seja, ainda tem muita história para ver.



Público não curtiu
Os estúdios podem usar números recentes para alegar rejeição do público à criatividade. O último vencedor do Oscar, Moonligth (2017), se deu mal nas bilheterias, pois arrecadou apenas 22 milhões de dólares nas salas de cinema do mundo.

Além disso, a sequência cria o hábito de esperar pelo próximo “Batman” ou “007”, hoje, é como esperar pelo próximo episódio de sua série favorita na TV. Algo que faz parte da rotina.

Segundo a psicóloga Pamella Kasintizk, é comum ficar apegado ao filme por identificação com o personagem. "Mesmo depois de muitas sequências, você deseja ver o fim daquele personagem", explica.




Nova greve dos roteiristas?
Em 2007 Hollywood sofreu com uma greve dos roteiristas que durou até 2008. Nessa época a audiência da TV e do cinema caiu drasticamente. Desde o dia 13 de março de 2017 os roteiristas e os sindicatos estão em negociação, os roteiristas ameaçam uma nova greve que promete parar a máquina da indústria do cinema, que vem batendo recorde ano após ano.


E você curte sequências ou espera por algo novo nos cinemas? Comente no campo de comentários!

*Estudante do 6º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM
FAPCOMUNICA ONLINE - produção jornalística desenvolvida na disciplina Jornalismo Digital: Práticas Laboratoriais, com supervisão da professora Fernanda Iarossi
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Torcedor morre em estádio - até que ponto há segurança?

Mortes de torcedores do São Paulo e Bahia recentemente fazem questionar a segurança nos estádios e o comportamento de quem vai até eles para acompanhar os jogos

 Por Beatriz Bacelar*                                  


 Foto: Beatriz Bacelar
Estádio Cícero Pompeu de Toledo                                                                                                                                      

Paixão e futebol andam fielmente juntos. Essa mesma paixão causa muita euforia dos fãs pelo esporte. Essa sensação fisiológica de bem-estar é sem dúvida a principal emoção dos torcedores nos estádios de futebol. Essa mesma euforia vem desenvolvendo algumas atitudes inesperadas. No clássico paulista entre São Paulo e Corinthians de 26 de março, presenciamos a cena de torcedores trocando de setor no estádio Cícero Pompeu de Toledo, também conhecido como Morumbi. Essa indisciplina causou a morte do Bruno Ferreira Silva, 23, que ao tentar passar por uma divisória caiu de uma altura de 25 metros.

                                                                                                                                   Foto: Beatriz Bacelar
Foram colocadas pranchas de aço para evitar a passagem irregular, depois da morte do torcedor Bruno no clássico paulista entre São Paulo e Corinthians de 26 de março            

Bruno não foi o único a se arriscar. Segundo o torcedor Igor Souto, não é novidade a atitude dos são-paulinos. Mesmo com as divisórias acrílicas a infração acontece repetidamente e todos estão cientes disso, como conta:




A questão é: Como manter todos seguros dentro de um estádio? Segundo o Estatuto de Defesa do Torcedor, “Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas”. O acidente foi consequência de uma atitude do torcedor são paulino, mas são ações recorrentes de muitos que estão no local. Depois do ocorrido foram coladas chapas de aço nas divisórias para evitar que as pessoas tentem novamente pular de setor. Além disso, a segurança aumentou. Segundo o brigadista Cesar Oliveira que trabalha em todos os jogos no Morumbi, serão colocados mais brigadistas para monitorar o local. No jogo contra a equipe do Linense, no dia 08 de abril a presença da polícia era maior entre as divisórias do estádio.

Seguranças que trabalham nos camarotes do estádio ouvidos pela equipe do FAPCOMUNICA ONLINE destacam a necessidade de fiscalização em todos os setores para monitorar a torcida.

Já ocorreu antes
Não é a primeira vez que acontece um acidente no Morumbi. Na edição da Libertadores de 2016 no jogo contra o Atlético Mineiro, de 11 de maio de 2016 uma grade do anel inferior do estádio cedeu no momento de comemoração do gol deixando 16 pessoas feridas. 

Até que ponto os torcedores estão seguros em um estádio de futebol? A falta de fiscalização e vistoria de manutenção são uma das principais falhas nas estruturas. Uma das maiores tragédias que ocorreu em estádios no Brasil foi em 2007 no antigo estádio Octávio Mangabeira, atual Arena Fonte Nova. Após desabamento de arquibancada no jogo entre Bahia e Villa Nova, sete pessoas morreram. 

O que aconteceu em Fortaleza em 2007 e São Paulo em 2016 foi por causa da falta de manutenção. Já o incidente do clássico paulista deste ano reforça a imaturidade de muitos dos torcedores. Todavia, estas tragédias evidenciam falhas na fiscalização dos estádios brasileiros. Uma vistoria apurada, por exemplo, em todos os setores é o melhor caminho. Assim como uma campanha de conscientização junto à torcida se faz necessária e urgente. 

                                                                                                                                                 Foto: Beatriz Bacelar
Setor onde o torcedor Bruno estava no jogo SPFCxCorinthians                                         

Segurança é privada ou pública?
A Polícia Militar quem faz o papel de segurança nos estádios brasileiros, mas o cenário está prestes a mudar com o projeto da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) que analisa a possibilidade de segurança privada no interior dos estádios. A segurança privada não substitui o papel da polícia, principalmente em relação a brigas e vandalismo, pois não há autonomia para atuar em confrontos de torcida como agentes controladores. A justificativa desta iniciativa é garantir segurança de forma completa. Essa segurança é pública, mas se aplica a poucos campeonatos. O Paulista, por exemplo, exige a cobrança pela presença da Policia Militar. Neste ano, o serviço do militar custa R$ 31,87 por hora, ou R$ 191,22 pelo turno de seis horas. Essa e mais outras são as razões pelo pedido da segurança privada. Além de impostos, os clubes também pagam por esse serviço feito atualmente pela equipe da PM. 

A regra é: A segurança no estádio é responsabilidade de quem promove o evento. Mas cabe a todos lembrar a importância da consciência de quem frequenta o local, o próprio torcedor. Violência, sinalizadores e outras atitudes que coloquem em risco a vida de alguém mostram também a imprudência dos torcedores. O bom estar de todos também é consequência das pessoas que frequentam o ambiente.

*Estudante do 6º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM
FAPCOMUNICA ONLINE - produção jornalística desenvolvida na disciplina Jornalismo Digital: Práticas Laboratoriais, com supervisão da professora Fernanda Iarossi
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O marketing digital da Netflix

A empresa norte-americana fundada em 1997, viu oportunidade de crescer no mercado e se estabilizar, trazendo cada vez mais consumidores para a plataforma. Em especial no Brasil, que foi o primeiro mercado internacional do serviço

Por Isabel Branquinha*


Netflix é o serviço on demand de aluguel de filmes, onde o usuário acerta um valor mensal e assim tem acesso a um vasto catálogo de produções cinematográficas, documentários e séries ilimitadamente. Já está presente em mais de 130 países e representa uma ameaça ao serviço de tv por assinatura.

No entanto, o seu grande crescimento não se dá apenas pela sua facilidade e seu catálogo mais do que satisfatório - o do Brasil, por exemplo, é o melhor do mundo tendo 85 dos 250 melhores filmes segundo levantamento feito pelo site especializado The Streaming Observer -, mas sim pela sua fantástica estratégia de marketing.

Além de um atendimento impecável aos consumidores (com equipe treinada), retornos rápidos, SAC via telefone e redes sociais, iniciativas voluntárias em busca de aperfeiçoar conteúdo programático, a plataforma também observou a necessidade de investir em campanhas que trouxessem o consumidor para perto, não apenas pela satisfação, mas pela ligação tênue e próxima que geraria.

Sendo assim, a empresa norte-americana fundada em 1997, viu ai a oportunidade de crescer no mercado e se estabilizar, trazendo cada vez mais consumidores para a plataforma. Em especial no Brasil, que foi o primeiro mercado internacional do serviço.

Contudo algo diferente precisou ser planejado, afinal o conteúdo liberado como propaganda pela Netflix no Brasil se difere em relação a todos os outros países que possuem o mesmo. Como por exemplo a chamada para a segunda temporada de Orange is the new Black, série original da plataforma com personalidades bem características como Inês Brasil e Valesca Popozuda.


                                 


Tudo caminha para uma forma bem humorada de utilizar alguns virais e memes brasileiros em favor de seu marketing. Possivelmente o SEO Reed avistou a chance de se aproximar do usuário brasileiro através das suas particularidades, uma vez que em comparação ao resto do mundo simboliza o povo mais receptivo e contundente da plataforma. Uma forma de exemplificar isso é o fato de o Brasil estar na mesma porcentagem de usuários que o Canadá e o Reino Unido, ainda que possua uma falha maior na tecnologia em relação a esses países.

Dentro do solo tupiniquim, a plataforma já atinge mais audiência que a emissora de TV SBT. Isso porque a maior parte dos assinantes (57%) procuram pelo conteúdo original produzido pelo serviço.

Sendo assim porque não investir em uma divulgação mais atrativa para esses conteúdos, utilizando de fato de meios que consigam integrar o usuário 100% a plataforma, atingindo grande parte da população.

A Netflix está mais do que centrada nesse tipo de investimento. Durante o lançamento da série original Stranger Things a produtora pegou carona na lenda urbana da Boneca da Xuxa, já que a série é um thriller, e mandou ver na divulgação. As coisas deram tão certo que investiram em um segundo vídeo, agora com a própria apresentadora, como se estivesse em seu programa lendo cartinhas. O público foi a loucura!


                                    

Durante as datas comemorativas a plataforma mostra-se também engajada com seu público, usando os feriados de maneira criativa. Como foi no carnaval, quando embarcou na ideia das marchinhas e produziu uma especialmente para os “viciados” em maratonar e não sair do sofá. Mais uma vez um sucesso entre os consumidores.



                         

Não dá para negar que a receita da Netflix para o marketing digital no Brasil não tem falhado, apenas alavancado a audiência e o número de assinantes da plataforma, que hoje já chega a 6,8 milhões. Tendo em vista que no mundo todo esse número está próximo dos 93,8 milhões.


Ainda nessa pegada, a marca buscou ir além, não só produzir propagandas para construir uma relação efetiva com o público, mas também dar a cada país uma série original, gerando oportunidades para os artistas locais, e maior sincronismo com a população, um nacionalismo fabricado.

E assim foi, no Brasil a pouco foi lançada a série 3%, que conta de uma distopia pela qual o povo brasileiro vive. A produção já lucrou milhões e está arrebatando telespectadores não só dentro do país, mas fora também, sendo uma das série internacionais mais vistas.




Dados retirados do Blog Lançamentos Netflix.

A fórmula de investimento tem dado tão certo e já se estrutura como base para outras empresas que querem atingir de maneira efetiva o consumidor. É um estudo de caso abordado em diversas áreas que tem como propósito atingir um receptor de maneira correta.


Criatividade e adequação ao ambiente no qual está inserido fazem toda a diferença para que um projeto dê certo, como explica Cláudio Lemos, dono de uma empresa de marketing digital. “Visar todo o panorama organizacional de um país (no caso da Netflix) faz com que o leque de opções inteligentes surjam, além de sempre contar com bons profissionais, que estejam preparados para demandas surpresas”, afirma Lemos.

Enfim, talvez seja hora de voltar para o sofá e assistir a mais alguns episódios de Sense8 ou qualquer outra produção que esteja no catálogo, afinal são mais de cinco mil títulos disponíveis e com qualidade HD, além da possibilidade de baixar alguns capítulos e ver depois sem utilizar os dados da internet. É, parece que tudo gira à favor dessa nova forma de consumir cultura pop.


Os Vídeos estão bombando
No Brasil hoje os anúncios em vídeos na internet impulsionam o mercado publicitário digital. De acordo com pesquisa realizada pela IAB Brasil em parceria com a Comscore, os investimentos no setor cresceram 115% em relação a anos anteriores, ou seja, existe uma carga tributária de 2,22 bilhões de reais que suprem esse ramo.

Visando esse ponto, segundo Cristiano Nobrega, do Interactive Advertising Bureau Brasil, o crescimento se dá com mais voracidade pelo fácil acesso a smartphones e melhor qualidade de banda larga no Brasil.

Ainda em entrevista para a Folha, Nobrega ressaltou que não existe crise no marketing digital, e que os vídeos ficam com 19% dos investimentos gerais da publicidade, porque de fato não precisam de grande quantidade quando se tem profissionais qualificados parcialmente baratos.


*Estudante do 6º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM
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Este blog é uma versão teste e provisória do Fapcomunica Online, jornal laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação

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