quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A magia do Impulso

Projeto une a força da música somada a outras expressões artísticas


Por Larissa Alves


Foto: Larissa Alves


“Você está aqui” é a frase que estampa um dos quadros da sala da casa de Barbara, Pamela e Karen. Casa esta, que em fevereiro de 2017, deixou de ser um conjunto de cômodos e passou a abrigar um movimento que traz a força da música somada a outras expressões artísticas: o Projeto Impulso.

Como surgiu?

Oito anos após a morte de seu pai, Bárbara Rodrix, cantora de 26 anos, decidiu alugar alguns quartos da casa em que mora no bairro Sumaré, em São Paulo, por conta dos gastos. Após muitas pessoas passarem por lá, surgiu Pamela Munhoz, artista plástica e circense e maquiadora, que viria a ser a parceria para a idealização do projeto. Durante uma conversa sobre as dificuldades de fazer show e expor, os altos valores cobrados, surgiu a ideia. “Olhamos ao nosso redor e falamos: cara, vamos fazer!”, conta Barbara. A duas participaram algumas vezes do sofar sounds e aproveitaram a relação boa que criaram com o grupo para tirar algumas dúvidas. "Como era isso do público, como funcionava o evento e chegamos até a realizar uma edição aqui em casa. Deu tudo certo, e aí nos sentimos à vontade para fazer o nosso”, complementa a idealizadora.

Rumo à 9ª edição, o projeto costuma acontecer uma vez por mês. Barbara justifica a periodicidade. “A gente tem uma fila de pessoas querendo participar bem grande, então a gente não consegue distanciar mais que isso, mas mais de uma vez por mês fica puxado, já que também trabalhamos com outras coisas”, explica.

Em relação ao público, é necessário colocar o nome na lista (por e-mail) com antecedência, em especial por questões de segurança, já que é um projeto independente em uma casa pessoal. Além disso, os organizadores criam um mailing com essas pessoas para divulgarem os trabalhos de todos que passaram por lá, além de convidar para os próximos eventos.

O valor é um dos diferenciais do projeto. Por uma questão ideológica, acreditando que as pessoas conseguem definir o quanto elas podem pagar, o “pague o quanto puder” foi a aposta das organizadoras. “Acabou se tornando uma coisa super legal para o artista, porque o valor, que ele arrecada no final, deixa-o contente independente de qual seja. Isso porque ele sabe que as pessoas deram aquilo porque gostaram mesmo do show, e não porque elas só poderiam vir se pagassem. Então acaba que aqueles 10 reais que cada um contribuiu têm um valor muito maior do que se fossem 30 pré-determinados. Acabou sendo uma surpresa, no início não sabíamos se ia dar certo, mas tem dado uma super resposta legal”, diz Barbara. Além disso, esse sistema não exclui alguém do evento apenas porque não pode pagar pelo valor que geralmente já é pré-estabelecido em ingressos de shows.

Conheça a casa
Entrada da casa. Foto: Larissa Alves
Sala de jantar da casa. Foto: Larissa Alves

Quintal da casa. Foto: Larissa Alves

Brechó durante uma das edições. Foto: Larissa Alves
                         

A magia do impulso

Entre os frequentadores, a intimidade que o projeto exala chama a atenção. Giovani Buselli, 20 anos, estudante de jornalismo, conta sobre sua experiência no Impulso. “Pensei que eu estava indo para um show, mas parecia mais uma reunião entre amigos com alguns músicos que admiro, foi mais fácil conhece-los lá do que num show oficial”. Além disso, o cenário simples e improvável cria um encanto que, somado à qualidade das apresentações, torna mágica a experiência de quem visita. “É tudo muito bem montado, decorado, amei demais a montagem do som dentro da piscina”, relata o estudante.

Palco montado da piscina da casa. Foto: Larissa Alves

Quem já participou?

Os artistas que participam, seja tocando ou expondo, costumam ser amigos, ou seja, é um momento também de descontração para eles, além da interação de forma próxima com o público.

Entre os nomes que já se apresentaram estão: Pedro Altério (integrante do coletivo 5 a seco), Leandro Léo, Paulinho Novais, e os artistas expositores Rafael Ianni, Pamela Munhoz, entre diversos outros.

Confira abaixo, depoimento de Pedro Altério sobre o projeto:

"É até meio engraçado falar de como conheci o projeto. Conheci a Barbara faz mais de 10 anos, e eu fui à casa dela milhares de vezes, ela não é só uma amiga, é como uma irmã. Para mim, que acompanhei toda a ideia do projeto nesse lugar mágico que tem toda essa energia musical, é uma volta para casa, poder fazer um som num lugar que sempre me senti da família.
Eu nunca toquei dentro de uma piscina, e isso foi uma coisa que o Impulso me proporcionou - e olha que já toquei em muitos lugares. Foi uma experiência incrível! Eu tenho uma banda, que é o 5 a seco, e uma das primeiras fotos que tiramos como banda foi dentro de uma piscina vazia. A gente gravou um dvd no auditório Ibirapuera, mas a ideia era gravar dentro de uma piscina. Como isso não deu certo, a gente desencanou dessa ideia, então foi muito louco e genial para mim viver algo que já tinha cogitado, mas não tinha experimentado, e tocar em casa é maravilhoso, foi como um 'passeio no parque'.
Eu acho que o Impulso está muito conectado com as paredes daquela casa, mas ele é mais do que isso. É um movimento, uma maneira de pensar, uma forma de agir, é uma ideologia antes de ser um projeto. O impulso deve - e se Deus quiser vai ter - uma vida muito longa, pois é um projeto de agregação de valores e de comunicação entre as artes muito importante."

Show na piscina, durante a 7ª edição do Impulso. Foto: Larissa Alves


CONHEÇA O PROJETO 
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Email para contato: impulsoapresenta@gmail.com


IMPULSO 6ª edição - Pedro Altério e convidados + Rafael Ianni




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