Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras
Municipais utilizam as redes sociais para aumentar a proximidade com a
população.
Por Beatriz Correia
Por Beatriz Correia
A atuação das instituições políticas brasileiras nos meios
de comunicação digital aumentou consideravelmente nos últimos tempos. Basta
observar as páginas do Facebook e Instagram da Câmara Municipal de São Paulo,
Assembleia Legislativa de São Paulo, Câmara dos Deputados e Senado Federal, por exemplo, para
perceber que as redes sociais se tornaram um dos principais meios de
comunicação e de interação dos órgãos com a sociedade.
Redes sociais da Prefeitura de São Paulo, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Câmara dos Deputados e Senado Federal / Fotomontagem: Beatriz Correia (FAPCOMUNICA ONLINE) |
O amplo acesso a dispositivos móveis e a grande utilização
das redes sociais foi um dos motivos para a mudança nas estratégias de
comunicação. Para a representante de Política e Governo do Facebook, Débora
Delbart, o principal ponto que impulsionou as mudanças de comportamento das
instituições é o modo de comunicação pelo qual as pessoas interagem com as
informações e não só as consomem. “A interação veio acompanhada de mudanças de
comportamento do público. Em pouco mais de dez anos, as pessoas passaram da
etapa de só observar para a de registrar e, por último, de participar dos
momentos, com selfies e engajamento nas redes”, explica.
Débora fala ainda sobre as técnicas mais apropriadas para
conseguir um bom resultado na web. “Nós passamos o que percebemos que funciona,
mas não tem uma receita, depende do perfil da página, do público a ser atingido
e da estratégia que a equipe pretende usar. O engajamento do público pelos
comentários, compartilhamentos e curtidas é mais importante que o número de
seguidores de uma página, por exemplo”, diz.
De acordo com dados do Facebook, atualmente a plataforma
conta com 114 milhões de brasileiros cadastrados, dos quais 108 milhões acessam
a rede por um dispositivo móvel. “O conteúdo precisa ser palpável, com uma
linguagem fácil e acessível. E não podemos esquecer que o público acessa pelo
celular, o que significa que ele pode estar na fila do banco, esperando o
elevador ou em pé em um ônibus cheio. A estratégia de comunicação deve
considerar tudo isso”, explica Débora.
Vicente Carrari, gerente de indústrias para educação e
governo do escritório brasileiro do Google, afirma que a empresa está
desenvolvendo oportunidades para viabilizar o uso da internet em campanhas
políticas no país. “Campanhas eleitorais pela internet são difundidas e
autorizadas nos Estados Unidos, mas no Brasil há restrições de propaganda
política na internet e, por isso, ela é pouco utilizada”, conta. Para Carrari,
as publicidades veiculadas na internet são mais baratas que em outras mídias.
“Tudo que acontece no mundo real se reflete no mundo
virtual”, fala Guilherme dos Anjos, executivo de contas de educação e governo
do Google. Anjos citou como exemplo o aumento nas buscas sobre a reforma da
previdência feitas somente em abril deste ano. “São 14 milhões de buscas e os
sites que estavam com bom conteúdo para responder a esta inquietação foram os
mais acessados”, conta. Rafael Iapequino, também do setor de Educação e Governo
da empresa, afirma que as marcas que não se apropriam dos conteúdos perderão
espaços para quem o fizer.
O novo posicionamento nas redes foi adotado por instituições
públicas nos níveis federal, estadual e municipal. João Cláudio da Silva,
ouvidor da Câmara Municipal de São Paulo, ressalta que o processo de
reestruturação do órgão e seu funcionamento vêm mudando. “Grande parte da
demanda ainda é presencial, mas há diversos canais de comunicação e o mais
recente deles é via o aplicativo Whatsapp”, conta.
A Assembleia Legislativa de São Paulo lançou este ano dois
aplicativos: Ouvidora do Parlamento e Fiscaliza Cidadão, que criam canais de
comunicação do Legislativo Paulista com os cidadãos, além de reforçar a
política de transparência de informações. Os apps estão disponíveis
gratuitamente no Google Play.
Transparência e acesso à informação
Em 16 de maio de 2012 entrou em vigor a Lei de Acesso à Informação LAI (Lei nº 12.527/2011), que
regulamenta o direito constitucional de acesso às informações públicas. A
norma criou mecanismos que possibilitam a qualquer pessoa, física ou jurídica,
sem necessidade de apresentar motivo, o recebimento de informações públicas dos
órgãos e entidades.
A lei vale para os três Poderes da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, inclusive aos Tribunais de Conta e Ministério Público.
Entidades privadas sem fins lucrativos também são obrigadas a dar publicidade a
informações referentes ao recebimento e à destinação dos recursos públicos por
elas recebidos.
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo
(TCE), Dimas Ramalho, afirma que a lei de acesso à informação e de
transparência são importantes instrumentos para que os cidadãos possam exercer
o controle social da administração pública. “O TCE potencializou as atividades
de ouvidoria com o emprego de novas tecnologias e ferramentas que permitem mais
interatividade com os cidadãos, entre elas o whatsapp, as sessões online, a
linha 0800 e um aplicativo de fiscalização”, conta. Os dados são compartilhados
com a Fazenda estadual e com o Ministério Público.
Mesmo com a regularização, a norma nem sempre é seguida.
Segundo dados do TCE, 65% dos órgãos fiscalizados ainda não regularizaram a lei
de acesso; apenas 28% publicam dados sobre remuneração individualizada; somente
22% mostram detalhes de gastos de viagens e passagens; 57% não oferecem
informações claras sobre as licitações e apenas 26% dos municípios criaram
ouvidorias.
Para o diretor de comunicações da Assembleia Legislativa de
São Paulo, Matheus Granatto, a divulgação das informações é essencial para um
diálogo entre instituição e sociedade.
Rodrigo Gebrim, coordenador do Ministério das Comunicações,
comenta sobre a importância do processo de expansão das informações e da
transparência com a população.
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