Interesse por acupuntura aumenta nas unidades do SUS no Estado de São Paulo

A procura pelo tratamento cresceu 10 vezes mais desde 2007; dados da Secretaria de Estado da Saúde revelam crescimento nas unidades SUS (Sistema Único de Saúde); atualmente, 248 unidades de saúde em todo o Estado realizam consultas ou sessões de acupuntura

Por Bruno Gambini

Originária da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a acupuntura é um procedimento que, através da inserção de agulhas em pontos específicos do corpo (escolhidos pelo médico acupunturista com base nos ensinamentos milenares da terapia), trata dores crônicas, além de diversas doenças físicas e emocionais. Esses pontos são conhecidos como "meridianos" ou "canais de energia". A estimulação deles promove a harmonização e o livre fluxo de energia (tradicionalmente conhecida como Qi) e do sangue (Xue).

No ocidente, a prática é aprovada pela maioria dos profissionais da medicina e experiências clínicas já comprovaram cientificamente sua eficácia. Em 1979, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento que lista  41 doenças e os respectivos resultados obtidos a partir de pesquisas. Dessa forma, a acupuntura foi reconhecida como medicina alternativa e/ou de tratamento complementar à medicina convencional.

"As agulhas estimulam nervos periféricos que instantaneamente transmitem sinais ao cérebro, causando, assim, liberação de hormônios responsáveis pelo bem-estar, como, por exemplo, a serotonina", explica a fisioterapeuta acupunturista Glaucia Cristina, 28 anos. "A consequência dessa liberação é a melhora da dor e o alívio de diversas patologias", comenta.

Dados da Secretaria de Estado da Saúde revelam aumento significativo e gradual na procura de tratamento de acupuntura nas unidades SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo levantamento, em 2016, último ano consolidado, houve mais de 430 mil aplicações do tratamento nos serviços públicos do Estado; contra 39,6 mil em 2007, primeiro ano de oferta. Atualmente, 248 unidades de saúde em todo o Estado realizam consultas ou sessões de acupuntura, incluindo 24 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades).

Gráfico para comparar o aumento de consultas e aplicações de acupuntura em 2 anos (2007 e 2016) na rede pública do Estado de São Paulo (dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde).

Os pacientes mais indicados para o tratamento são os que sofrem de dores crônicas, como enxaqueca, lombalgia, tendinite de ombro, hérnia, artrite e artrose. Além disso, também é recomendado para quadros de desordens psiquiátricas como ansiedade, depressão, estresse e insônia. Pode ajudar no combate ao fumo também.

Simone Ferraria, de 46 anos, sofria com frequentes dores no braço e a melhor solução para aliviá-las foi com a aplicação da acupuntura, como conta:

Além da acupuntura clássica, com inserção de agulhas, existem, ainda, outros sete estilos que adotam, cada qual, uma abordagem diferente:
- acupuntura auricular, que estimula pontos energéticos da orelha;
- moxaterapia ou moxabustão, onde um composto de ervas secas é queimado sobre a pele; 
- eletroacupuntura, que potencializa os estímulos causados pelas agulha através de impulsos elétricos; 
- acupressão, dado a partir do pressionamento de pontos específicos do corpo (geralmente, nos dedos, mãos e pés); 
- cupping, aplica-se ventosas ou copos, geralmente quentes, sobre a pele, estimulando o fluxo sanguíneo; 
- sonoacupuntura, que visa estimular pontos de acupuntura por via de frequências sonoras; 
- acupuntura a laser, que estimula os pontos com o laser de baixa Intensidade, com baixo efeito térmico. 

Não há contraindicações para realização do tratamento de acupuntura, mas deve-se tomar precaução em pacientes com infecção de pele, de baixa imunidade, gestante ou que fazem o uso de medicamentos anticoagulantes. A duração do tratamento e o número de sessões variam de acordo com a patologia e o quadro clínico de cada paciente. Deve ser levada em conta, também, a técnica prescrita pelo profissional e a escolha dos pontos de aplicação.