quarta-feira, 21 de março de 2018

Novas bandas movimentam o cenário religioso no Brasil

Cantores religiosos ganharam o mercado de forma surpreendente nos últimos anos, o que abriu espaço para as bandas surgirem e muitas se consolidarem.

Por Carlane Borges

A música religiosa teve aumento significativo no mercado brasileiro, segundo pesquisa do Ibope, de 2013, indo na contramão do mercado fonográfico no Brasil. Outro dado que mostra mudança no cenário musical é mostrado pela pesquisa da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD) de 2016: há queda de venda no mercado físico, entretanto o digital tem crescimento acelerado.

Cantores religiosos ganharam o mercado de forma surpreendente nos últimos anos, o que abriu espaço para as bandas surgirem e muitas se consolidarem. Em destaque no país são as religiões evangélicas e católicas, mas nem só dessas duas vive o negócio da música. Há exemplo de bandas espíritas com um bom tempo no meio.

No mundo católico, banda como Rosa de Saron (1988) se consolidou no mercado e continua a fazer sucesso. Já no estilo gospel há bandas tanto no cenário nacional, quanto internacional. Muitas delas surgindo como grupos de louvores nas próprias igrejas, e com o passar do tempo, romperam essa barreira. Como é o caso da banda Hillsong United (1999), banda australiana, iniciada na Hillsong Church.

Muitas dessas bandas surgem em grupos de jovens, em reuniões religiosas ou em casas de amigos, em momento de descontração. É o caso da banda paulista Cartas de Bordeaux, que é formada por membros da Mocidade Espírita Bezerra de Meneses (MEBEM). Alexandre Santana, 28, conhecido na banda como Giga e vocalista, teve a ideia de formar o grupo em uma dessas reuniões de mocidade. A formação atual é: Giga, Vocal e Violão; Léo, Baixo; Dods, Guitarra rítmica; Renato, Guitarra solo e Felipinho, Bateria.

Divulgação: Banda Cartas de Bordeaux - Foto Sissy Eiko Photography 


Cartas de Bordeaux, mesmo sendo de uma vertente religiosa, assim como muitas outras, não se limita apenas a esse espaço. Segundo Giga, a banda decidiu que era a hora de ultrapassar essas barreiras ao notar que as músicas precisavam ser ouvidas pelas pessoas em todos os lugares, não apenas nos encontros da mocidade e foi a partir de 2014 que eles sentiram estar “prontos para ir para o mundo sem perder a essência”.

O grupo não se limitou apenas a tocar em alguns lugares, mas se desafiaram a partir para gravações independes e a expandir o alcance de suas músicas também nas redes sociais, plataformas de streaming como: youtube, Deezer  e Spotify.


  A banda de Guarulhos Lírios do Vale também surgiu em encontro de jovens católicos da Paróquia São Pedro Apóstolo em Guarulhos-SP. O grupo já existia, mas não era uma formação fixa e mudava a cada ano. “A Lírio se iniciou como banda com integrantes fixos no final de 2009 e era conhecida como Banda do Vila, porque o encontro era conhecido como Encontro do Vila pelo fato da paróquia se localizar no bairro da Vila Galvão.”, explica. Hoje são cinco integrantes: Rodrigo "Bira", Vocal; Beto Marques, Contrabaixo; Rodrigo Fernandes, Bateria; Alê Siqueira, Guitarra e Luciano, Violino.


Banda Lírios do Vale - Arquivo Pessoal


Lírios do Vale também expandiu-se e passou a ao se apresentar apenas na paróquia e tudo aconteceu naturalmente, com oportunidades que surgiram para que eles fossem tocar em outros lugares. Em 2011, o nome foi oficializado no evento chamado Acústico EJC “O Grande Encontro”. “A partir desse evento, surgiram muitos outros convites e a banda não parou mais. No mesmo ano a banda teve a oportunidade de dividir o palco com a banda Anjos de Resgate e em tocar em um dos maiores eventos de São Paulo.”

Nesses anos de estrada, Lírios se colocou no mercado, mesmo não sendo a intenção “Quando a Lírios do Vale surgiu, o intuito era evangelizar nas paróquias, nos encontros de jovens e tudo foi acontecendo naturalmente os convites foram surgindo. ”, declara. Possui em seu currículo 2 CDs 2 DVDs e 1 EP, fora outros trabalhos que já foram lançados através das plataformas de música.

Além disso, explica a banda, já dividiram os palcos com grandes nomes da música: Fernado Anitelle de O Teatro Mágico, Rappin’ Hood, Anjos de Resgate, Ziza Fernandes, Renato Viana, entre outros. E, possui o troféu Louvemos como melhor DVD Independente com o álbum Testemunho Cantado, conquista do ano de 2015.




Seu público também é diversificado, uma vez que, de acordo com eles suas preocupações “não é tocar tanto no assunto da religião. Não estamos aqui para fazer distinção de religião, gênero ou qualquer outra coisa. Estamos aqui para falar de Deus, de amor, de recomeço, de mostrar que é possível vencer.”.

Atualmente, segundo a banda, não é mais tão comum, mas no inicio, algumas pessoas não viam com bons olhos as tatuagens de um dos integrantes, o Bira, mas, como seu público é predominantemente jovem, esse é um fato superado. O pensamento mais livre de rótulos se reflete nas influencias musicas, que não são apenas de bandas católicas, são elas: Anjos de Resgate, Rosa de Saron, Adoração e Vida, Vida Reluz, Oficina G3, Thalles Roberto, P.O.D, Fernandinho, Aline Barros, Toque no Altar, etc.

A banda Chaves de Luz foge completamente do padrão que em geral é proposto por esses grupos, a sua formação, segundo Kethelin Cocchi, 38, fundadora da banda, foi em 200. O intuito sempre foi o de passar mensagens positivas para as pessoas, no entanto, ela não nasceu no cenário espirita. O som era mais pesado e suas músicas eram em inglês, o nome no início era “Keys Of The Light”. Só em 2009 a banda passa a ser espirita e com duas pessoas, Kethelin Cocchi e Felipe Rico.

Kethelin Cocchi e Felipe Rico - Foto: Arquivo Pessoal
Ainda que a banda tenha se inserido no centro, mas seu repertório é voltado para o amor, possibilitando que outras pessoas possam ouvir e sentir-se tocadas por ele. Desde a formação, possuem 4 CD’s gravados, 3 da Chaves de Luz e um da Keys Of The Light.


Assim como muitos grupos inseridos no mercado, Chaves de Luz também tem suas dificuldades e desafios, Kethelin explica quais são, mas demonstra que existem também as coisas boas de fazer parte desse meio, propagando uma boa mensagem no mundo.


Já quanto ao público, a banda está bem representada, de acordo com Kethelin, eles são “adoráveis”, fazem divulgação, os acompanham de perto, chegando a ir as reuniões nos centros. O que, para ela é muito bom. No entanto, eles não são compostos apenas por pessoas da religião, mas também de outros ou mesmo os não adeptos a nenhuma.


A mudança de ambiente e nome da banda mudou também o modo como os shows acontecem. Kethelin explica como funciona atualmente no áudio abaixo. Além disso, o futuro promete novos mais trabalho do grupo e novidades para os fies fãs.


A banda brasiliense Harmony Save é composta por quatro integrantes, Vítor Ribeiro, vocal e guitarra; Victor Ferreira, vocal, teclado e baixo; Matheus Silva, bateria e Abner Alencar, guitarra e vocal. E são todos evangélicos. Eles fazem parte de um mercado muito maior que os outros e em ascensão.

Harmony Save - Foto: Arquivo Pessoal

   A banda surgiu de outro projeto, que era focado em covers e reuniões, mas com o tempo sentiram a necessidade de se tornarem uma banda fixa. Ou seja, o grupo tinha o intuito de partilhar sua visão cristã, no entanto, a banda foi a melhor forma encontrada para fazê-lo.

   Com dois anos de formação, possuem um álbum, de titulo “Embarcação” e a forma mais de divulgação é através de redes sociais e plataformas digitais: Spotify, Deezer e youtube.



Vozes do Amanhã, grupo musical campineiro, é vinculado ao Centro Espírita Allan Kardec - Ceak, da cidade de Campinas e sem fins lucrativos. O grande diferencial dessa banda é que, apesar de movimentar o mercado musical, a rentabilidade não é de uso próprio para a banda.

Todos os integrantes (André Cunha, contrabaixo; Ciro Ribeiro, violão; Diego Barbosa, bateria e percussão; Karla Maturana, voz; Laura Mello, voz; Patricia Macedo, teclados e Silvia Schober, voz) são voluntários e os lucros de vendas dos 4 CD’s são destinadas aos trabalhos sociais do Centro Espírita Allan Kardec.

Integrantes da Banda Vozes do Amanhã - Foto: Arquivo Pessoal



A banda foi fundada por três amigas, das quais uma ainda integra o grupo (Silvia Schober), e não si limita a se apresentar apenas no centro espírita e, segundo eles, “essa percepção se deu desde o começo, levar a mensagem adiante, a outros corações, é um dos grandes motivadores do Grupo. Novos horizontes são abertos a cada convite, a cada tarefa, a cada intuição.”

Dentre as dificuldades, eles destacam o fato de ser voluntário e não ter tanto renda disponível para apresentar novos projetos e fazer a coisa ainda mais abrangente, no entanto, explicam que há enorme satisfação em fazer o trabalho que contribui para “a mudança interna de cada um.” Eles revelam que alguns profissionais, terapeutas, professores, etc., usam suas canções “para seus fins terapêuticos ou pedagógicos, com resultados muito positivos, o que nos traz uma enorme felicidade.”

Banda Vozes do Amanhã - Arquivo Pessoal
As apresentações não são nas Casas Espíritas, mas em vários locais no Brasil, e também em eventos públicos, sendo eles religiosos ou não. Trabalham com três formatos de shows, sendo: O show completo, 1 hora, com as canções lançadas no último CD “Safra de amor”; Apresentações menores (Pocket Shows) que variam conforme a necessidade do local/evento e o terceiro é o “Evangelho em Canção”, composto de citações doutrinárias em conjunto com reflexões e músicas que complementam e ilustram o texto.

Os planos futuros são de continuar a banda, buscar novos projetos artísticos musicais. Além disso, então finalizando um “Evangelho em Canção”, com tema intitulado “Nobreza de Servir” e pretendem a divulgação das músicas em plataformas digitais alcançando assim, mais corações.
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Este blog é uma versão teste e provisória do Fapcomunica Online, jornal laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação

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