Cantores religiosos ganharam o mercado de forma surpreendente nos últimos anos, o que abriu espaço para as bandas surgirem e muitas se consolidarem.
Por Carlane Borges
Por Carlane Borges
A
música religiosa teve aumento significativo no mercado brasileiro, segundo
pesquisa do Ibope, de 2013, indo na contramão do mercado fonográfico no Brasil. Outro dado que mostra mudança no cenário musical é mostrado pela pesquisa da Associação Brasileira dos
Produtores de Discos (ABPD) de 2016: há queda de venda no mercado físico, entretanto o
digital tem crescimento acelerado.
Cantores
religiosos ganharam o mercado de forma surpreendente nos últimos anos, o que
abriu espaço para as bandas surgirem e muitas se consolidarem. Em destaque no
país são as religiões evangélicas e católicas, mas nem só dessas duas vive o negócio da música. Há exemplo de bandas espíritas com um bom tempo no
meio.
No
mundo católico, banda como Rosa de Saron (1988) se consolidou no mercado e
continua a fazer sucesso. Já no estilo gospel há bandas tanto no cenário
nacional, quanto internacional. Muitas delas surgindo como grupos de louvores
nas próprias igrejas, e com o passar do tempo, romperam essa barreira. Como é
o caso da banda Hillsong United (1999), banda australiana, iniciada na Hillsong
Church.
Muitas
dessas bandas surgem em grupos de jovens, em reuniões religiosas ou em casas de amigos, em momento de descontração. É o caso da banda paulista Cartas de
Bordeaux, que é formada por membros da Mocidade Espírita Bezerra de Meneses (MEBEM).
Alexandre Santana, 28, conhecido na banda como Giga e vocalista, teve a ideia
de formar o grupo em uma dessas reuniões de mocidade. A formação atual é: Giga,
Vocal e Violão; Léo, Baixo; Dods, Guitarra rítmica; Renato, Guitarra solo e Felipinho,
Bateria.
Divulgação: Banda Cartas de Bordeaux - Foto Sissy Eiko Photography |
Cartas
de Bordeaux, mesmo sendo de uma vertente religiosa, assim como muitas outras,
não se limita apenas a esse espaço. Segundo Giga, a banda decidiu que era a
hora de ultrapassar essas barreiras ao notar que as músicas precisavam ser
ouvidas pelas pessoas em todos os lugares, não apenas nos encontros da mocidade
e foi a partir de 2014 que eles sentiram estar “prontos para ir para o mundo
sem perder a essência”.
O
grupo não se limitou apenas a tocar em alguns lugares, mas se desafiaram a partir para
gravações independes e a expandir o alcance de suas músicas também nas redes sociais, plataformas de streaming como: youtube, Deezer e Spotify.
A banda de Guarulhos Lírios do Vale também surgiu em encontro de jovens católicos da Paróquia São Pedro Apóstolo em Guarulhos-SP. O grupo já existia,
mas não era uma formação fixa e mudava a cada ano. “A Lírio se iniciou como
banda com integrantes fixos no final de 2009 e era conhecida como Banda do
Vila, porque o encontro era conhecido como Encontro do Vila pelo fato da
paróquia se localizar no bairro da Vila Galvão.”, explica. Hoje são cinco
integrantes: Rodrigo "Bira", Vocal; Beto Marques, Contrabaixo; Rodrigo
Fernandes, Bateria; Alê Siqueira, Guitarra e Luciano, Violino.
Banda Lírios do Vale - Arquivo Pessoal |
Lírios do Vale também expandiu-se e passou a ao se apresentar apenas na paróquia e tudo aconteceu
naturalmente, com oportunidades que surgiram para que eles fossem tocar em
outros lugares. Em 2011, o nome foi oficializado no evento chamado Acústico EJC
“O Grande Encontro”. “A partir desse evento, surgiram muitos outros convites e
a banda não parou mais. No mesmo ano a banda teve a oportunidade de dividir o
palco com a banda Anjos de Resgate e em tocar em um dos maiores eventos de São
Paulo.”
Nesses
anos de estrada, Lírios se colocou no mercado, mesmo não sendo a intenção “Quando
a Lírios do Vale surgiu, o intuito era evangelizar nas paróquias, nos encontros
de jovens e tudo foi acontecendo naturalmente os convites foram surgindo. ”,
declara. Possui em seu currículo 2 CDs 2 DVDs e 1 EP, fora outros trabalhos que
já foram lançados através das plataformas de música.
Além
disso, explica a banda, já dividiram os palcos com grandes nomes da música: Fernado
Anitelle de O Teatro Mágico, Rappin’ Hood, Anjos de Resgate, Ziza Fernandes,
Renato Viana, entre outros. E, possui o troféu Louvemos como melhor DVD
Independente com o álbum Testemunho Cantado, conquista do ano de 2015.
Seu
público também é diversificado, uma vez que, de acordo com eles suas
preocupações “não é tocar tanto no assunto da religião. Não estamos aqui para
fazer distinção de religião, gênero ou qualquer outra coisa. Estamos aqui para
falar de Deus, de amor, de recomeço, de mostrar que é possível vencer.”.
Atualmente,
segundo a banda, não é mais tão comum, mas no inicio, algumas pessoas não viam
com bons olhos as tatuagens de um dos integrantes, o Bira, mas, como seu
público é predominantemente jovem, esse é um fato superado. O pensamento mais
livre de rótulos se reflete nas influencias musicas, que não são apenas de
bandas católicas, são elas: Anjos de Resgate, Rosa de Saron, Adoração e Vida,
Vida Reluz, Oficina G3, Thalles Roberto, P.O.D, Fernandinho, Aline Barros,
Toque no Altar, etc.
A banda Chaves de Luz foge completamente do padrão que em geral é proposto por esses grupos, a sua
formação, segundo Kethelin Cocchi, 38, fundadora da banda, foi em 200. O
intuito sempre foi o de passar mensagens positivas para as pessoas, no entanto,
ela não nasceu no cenário espirita. O som era mais pesado e suas músicas eram
em inglês, o nome no início era “Keys Of The Light”. Só em 2009 a banda passa a
ser espirita e com duas pessoas, Kethelin Cocchi e Felipe Rico.
Kethelin Cocchi e Felipe Rico - Foto: Arquivo Pessoal |
Assim como muitos grupos inseridos no mercado, Chaves de
Luz também tem suas dificuldades e desafios, Kethelin explica quais são, mas
demonstra que existem também as coisas boas de fazer parte desse meio,
propagando uma boa mensagem no mundo.
Já quanto ao público, a banda está bem representada, de
acordo com Kethelin, eles são “adoráveis”, fazem divulgação, os acompanham de
perto, chegando a ir as reuniões nos centros. O que, para ela é muito bom. No
entanto, eles não são compostos apenas por pessoas da religião, mas também de
outros ou mesmo os não adeptos a nenhuma.
A mudança de ambiente e nome da banda mudou
também o modo como os shows acontecem. Kethelin explica como funciona
atualmente no áudio abaixo. Além disso, o futuro promete novos mais trabalho do
grupo e novidades para os fies fãs.
A banda brasiliense Harmony Save é composta por quatro integrantes, Vítor Ribeiro, vocal e guitarra; Victor
Ferreira, vocal, teclado e baixo; Matheus Silva, bateria e Abner Alencar, guitarra
e vocal. E são todos evangélicos. Eles fazem parte de um mercado muito maior
que os outros e em ascensão.
A banda surgiu de outro projeto, que era focado em covers
e reuniões, mas com o tempo sentiram a necessidade de se tornarem uma banda
fixa. Ou seja, o grupo tinha o intuito de partilhar sua visão cristã, no
entanto, a banda foi a melhor forma encontrada para fazê-lo.
Com dois anos de
formação, possuem um álbum, de titulo “Embarcação” e a forma mais de divulgação
é através de redes sociais e
plataformas digitais: Spotify, Deezer e youtube.
Vozes do Amanhã, grupo musical campineiro,
é vinculado ao Centro Espírita Allan Kardec - Ceak, da cidade de Campinas e sem
fins lucrativos. O grande diferencial dessa banda é que, apesar de movimentar o
mercado musical, a rentabilidade não é de uso próprio para a banda.
Todos
os integrantes (André Cunha, contrabaixo; Ciro Ribeiro, violão; Diego Barbosa,
bateria e percussão; Karla Maturana, voz; Laura Mello, voz; Patricia Macedo, teclados
e Silvia Schober, voz) são voluntários e os lucros de vendas dos 4 CD’s são destinadas
aos trabalhos sociais do Centro Espírita Allan Kardec.
Integrantes da Banda Vozes do Amanhã - Foto: Arquivo Pessoal |
A
banda foi fundada por três amigas, das quais
uma ainda integra o grupo (Silvia Schober), e não si limita a se apresentar
apenas no centro espírita e, segundo eles, “essa percepção se deu desde o
começo, levar a mensagem adiante, a outros corações, é um dos grandes
motivadores do Grupo. Novos horizontes são abertos a cada convite, a cada
tarefa, a cada intuição.”
Dentre
as dificuldades, eles destacam o fato de ser voluntário e não ter tanto renda
disponível para apresentar novos projetos e fazer a coisa ainda mais
abrangente, no entanto, explicam que há enorme satisfação em fazer o trabalho
que contribui para “a mudança interna de cada um.” Eles revelam que alguns
profissionais, terapeutas, professores, etc., usam suas canções “para seus fins
terapêuticos ou pedagógicos, com resultados muito positivos, o que nos traz uma
enorme felicidade.”
Banda Vozes do Amanhã - Arquivo Pessoal |
As
apresentações não são nas Casas Espíritas, mas em vários locais no Brasil, e também
em eventos públicos, sendo eles religiosos ou não. Trabalham com três formatos
de shows, sendo: O show completo, 1 hora, com as canções lançadas no último CD
“Safra de amor”; Apresentações menores (Pocket Shows) que variam conforme a
necessidade do local/evento e o terceiro é o “Evangelho em Canção”, composto de
citações doutrinárias em conjunto com reflexões e músicas que complementam e
ilustram o texto.
Os
planos futuros são de continuar a banda, buscar novos projetos artísticos
musicais. Além disso, então finalizando um “Evangelho em Canção”, com tema
intitulado “Nobreza de Servir” e pretendem a divulgação das músicas em
plataformas digitais alcançando assim, mais corações.