terça-feira, 10 de julho de 2018

Instituto Pró Livro apresenta a triste realidade dos leitores brasileiros

30% dos brasileiros disseram que nunca leram um livro na vida inteira, é o que revela a pesquisa, realizada pelo Instituto.


por Marcos Torquato e Luis Antonio

Foto: Divulgação/Méliuz

Com objetivo de mapear e entender o perfil dos leitores brasileiros o “Instituto Pró Livro” realiza de quatro em quatro anos a pesquisa Retrato da Leitura no BrasilO levantamento, realizado desde 2001, passou em 2007 a seguir a orientação do CERLALC (Centro Regional para Fomento del Libro en América Latina y El Caribe), criado pela UNESCO. Este braço das Nações Unidas propõe uma comparação entre os leitores dos países Ibero-americanos, seguindo a mesma metodologia entre esses países, com adaptação à realidade brasileira.

Nesta última edição da pesquisa, o Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) entrevistou 5.012 pessoas em todo território nacional no período de 23 de novembro a 14 de dezembro de 2015 e apontou resultados preocupantes no cenário de letramento brasileiro.

Para a análise, foram considerados leitores pessoas que leram ao menos um livro ou partes dele nos últimos três meses (considerando, publicações didáticas e religiosas). 56% declararam ter lido ao menos um livro ou parte. No entanto, quando se consideram apenas livros de ficção cientifica ou de literatura, o número cai significativamente: 30% disseram ter lido estes tipos de obras. Outro fato preocupante da pesquisa é que 30% dos entrevistados revelaram que nunca leram um livro sequer durante toda a vida.

A pesquisa também indicou que a Bíblia é, pelo 3º ano consecutivo, a obra mais lida pelos brasileiros. De acordo com instituto, um dos fatores que podem influenciar este número é o aumento do público evangélico nos últimos anos. Se compararmos a realidade brasileira aos países europeus, é algo gritante: em média, na Europa, se lê no mesmo período entre oito e nove livros, o que representa algo em torno de 34 livros durante um ano.

A Bíblia é um dos livros mais lidos entre os brasileiros, segundo a pesquisa.
Foto: Divulgação/Google

Existe uma lacuna muito expressiva entre os números de leitores da população brasileira e europeia, essa situação também reflete o distanciamento econômico, uma vez que 70% da população brasileira não têm acesso aos bens culturais e aos livros. Embora o quadro atual não seja dos melhores, para reverter essa triste realidade o professor Juscelino Carvalho da Silva, que leciona em uma escola pública do município de São Paulo, destaca diferentes iniciativas.  “Atualmente são encontradas em algumas escolas, especialmente nas municipais da capital, salas de leitura que contam com orientador específico para esta atividade”, conta.

Silva ressalta que esse orientador, além de incluir textos literários, propõe a leitura dos mais diversos temas, mostrando todo processo de elaboração e publicação. “A proposta também trabalha com outros gêneros textuais diversos, mídia digital e noções de suporte físico da mensagem, portador do texto e todos componentes, trabalhadores, produtores e recepção, além de situar o leitor no contexto que é o seu entorno de vivência”, explica. Porém, destaca que o lado negativo é que nem toda as escolas no país têm um espaço reservado à leitura.

Um dos fatores fundamentais para provocar o hábito de leitura é a criação de novas bibliotecas, bem como tornar os espaços existente em locais agradáveis, onde as pessoas tenham acesso fácil e sintam-se confortáveis em realizar suas leituras. Segundo a SNBP (Sistema Nacional de Bibliotecas), o Brasil tem 6.148 bibliotecas, o que corresponde a uma biblioteca para 33 mil habitantes. O número é baixo ao compararmos realidades como da Argentina – uma biblioteca para cada 17 mil pessoas –, a República Theca – uma biblioteca para 1.971 moradores –, segundo dados do CFB (Conselho Federal de Biblioteconomia), e a França que tem 7500 bibliotecas, conforme o levantamento de 2013, da Enssb (Estratégia Nacional de Segurança Social e Básica) – uma biblioteca para cada 10 mil moradores.

Além disso, muitas delas encontram-se com as portas fechadas, com acervos desatualizados e não contam com a presença de um bibliotecário, que é o profissional que orienta, faz a gestão, cuida da organização e pensa em ações de estímulos voltadas a práticas de leituras. A escritora Maria Torquato Chotil, conhecida como Mazé, vive em Paris desde 1980, é pós-doutorada na EHESS (Ecole de Hautes Études en Sciences Sociales) e doutora em Informação e Comunicação pela Universidade de Paris, aponta que os franceses têm uma tradição de leitura mais antiga que a brasileira. “Desde pequenos, enquanto bebês, as crianças ‘leem’ com os pais”, diz.

Mazé também afirma que o estímulo à leitura ocorre durante toda a formação escolar de cada cidadão francês. “Quando as crianças chegam à creche, possuem bibliotecas disponíveis e leem com os educadores. Na escola primária e de primeiro grau, também encontram bibliotecas à disposição.” As bibliotecas municipais e midiatecas têm sempre livros para as mais variadas idades.

Mais de 200 anos

Relatório inédito realizado pelo Banco Mundial, divulgado pelo portal Terra, aponta que o Brasil levará 260 anos para chegar ao mesmo nível de leitura dos países ricos.

“Em relação ao hábito de leitura, 91% dos franceses se declaram leitor. De um livro até mais de 50 por ano, segundo o CNL - Centro Nacional do Livro, em março de 2017. Uma leitura que eles praticam fora de casa, nos lugares públicos, nos cafés, nos transportes. E uma boa notícia: a população de 25-34 anos tem aumentado sua prática de leitura”, explica Mazé.

Confira abaixo vídeo que reflete sobre a importância das bibliotecas e o descaso da gestão pública no Brasil:  


A leitura e a tecnologia

É indiscutível que a tecnologia, em especial a mobile, influencia o perfil dos leitores de modo geral, já que o acesso a esses recursos tem promovido a leitura e a produção de textos diariamente, especialmente através das redes sociais. Porém, este cenário não indica somente pontos positivos em relação ao hábito de ler. “A experiência das novas tecnologias é contraditória, se lê bastante, mas se lê fragmentos: um leitor virtual visita um blog, depois post, as manchetes de notícias e não há um aprofundamento na informação”, alerta o professor da FAPCOM Rovilson Robby Britto, pós-doutorado em Comunicação pela USP. “Assim como se lê, escreve-se muito nas interações através das redes sociais, mas essa fragmentação não nos leva ao conhecimento.”

O sociólogo Zygmunt Bauman, em sua teoria mais defendida, reflete sobre esta relação: “Estamos vivendo cada vez mais em uma sociedade líquida”, o que aponta uma reflexão sobre o ritmo acelerado ao que se vive neste novo século, onde além do consumo exagerado, o individualismo impera diante da globalização capitalista, o século XX é chamado de sociedade moderna sólida. Bauman, cogitou que transitamos para o estado de liquidez e que tudo se consome freneticamente.

"Assim como se lê, escreve-se muito nas interações através das redes sociais, mas essa fragmentação não nos leva ao conhecimento"
 Rovilson Brito, professor da Fapcom

A importância de livros e da literatura nacional e internacional

“Nos meados dos anos 70, não tinha televisão, nem rádio. Nesta época, estava com 12 anos. Comecei a ler por hobby, me apaixonei e leio até hoje, mas com menos frequência”, conta Paulo Ricardo Bueno, morador de Jandira (SP), técnico em refrigeração e um leitor esforçado.

Ele diz que sua paixão foi desencadeada por uma das obras primas de Machado de Assis e que leu, durante o período de mais ou menos 15 anos, uma média de 50 livros durante o ano. “Meu primeiro contato com a leitura foi pelo livro ‘Quincas Borbas’. A partir daí, li todas as obras do Machado, passei por outros autores como Balzac, Flaubert, Dostoievsky, entre outros”.

Aos 56 anos, Bueno revela não ler muito como antes, mesmo assim, seu número de leitura é muito superior ao padrão brasileiro: ainda lê em média 10 livros no correr de um ano. “A falta de tempo, os compromissos com o trabalho, o acesso à tecnologia, me deixou distante da leitura.”

Além de sua paixão por literatura, o técnico revelou que sempre gostou muito de filosofia e que não abre mão do jornal impresso. “A minha leitura sempre percorreu os caminhos da literatura e da filosofia. Também sempre fui amante de ler jornais, embora atualmente só leio aos domingos, mas não abro mão desse hábito.”

Um grande desafio a superar é unir as práticas de leituras ao prazer. Esse processo é uma conquista diária e deve ser vista como um ato encantador. Nada que seja imposto é agradável. Portanto, é necessário buscar caminhos que além de ampliar os horizontes, provoque satisfação nos leitores.

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Carrinhos Gourmet aquecem mercado de Food Service

25% da renda da população brasileira são gastos comendo fora de casa, segundo o IBGE. Vamos entender como o segmento cresce com os hábitos das pessoas.

Por Luis Antonio e Marcos Torquato

Depois do sucesso dos Food Trucks, a bola da vez são os carrinhos e quiosques gourmet que tomaram conta de shoppings, cinemas, casamentos, festas de 15 anos, confraternizações de empresas e até estações de metrô. É a aposta de quem quer investir em uma franquia ou um novo negócio para valorizar e buscar estabilidade para driblar o desemprego, que atingiu 13,1%, no primeiro trimestre deste ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com essa situação preocupante, o sonho de ser empreendedor está cada vez mais frequente na vida dos brasileiros.

#praCegoVer Gráfico da taxa de desocupação
Foto: Agência IBGE
Segundo o consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Jeffeklein Oliveira, a tendência no ramo da alimentação é crescente e busca à inovação. “É um ramo que costuma crescer, independente da crise que teve ou não, não foi uma crise que afetou o comércio de alimentos, restaurantes. Eles só cresceram. Porém, tudo é planejado”, explica. Jefferklein completa que como têm muitos produtos gourmet, cada empreendedor faz do seu jeito e de uma forma diferenciada que resulta em atrair a atenção do consumidor. Se vir com algo mais simples, pode ser que não tenha o resultado esperado. Tudo depende de quanto que ele vai investir e da ideia. Além da alimentação, ainda avalia que outro setor forte é o setor de beleza.

Crise não afetou o consumo dos brasileiros

Comer fora de casa é bem comum na vida dos brasileiros. A falta de tempo para cozinhar e a correria do dia a dia, deu a condição para as pessoas recorrerem a bares, restaurantes, lanchonetes, padarias. O cardápio é infinito: pratos feitos, lanches, doces, petiscos, assim como os serviços: self-service, delivery, fast food, entre outros. A pesquisa do IBGE afirma que o brasileiro gasta 25% de sua renda com alimentação fora de casa. A ABIA (Associação Brasileira de Indústrias de Alimentos) divulgou que em 2017, o setor faturou R$ 642,6 bilhões. Mesmo que a crise tenha diminuído o poder de compra, os brasileiros não deixaram de consumir.

Carrinhos “tunados”

"Eles [empreendedores] entenderam que os carrinhos dão esse up, para que
as pessoas se aproximem", diz Rafael Garcia.
Foto: Luis Antonio
Charmosos e elegantes, os carrinhos gourmet remetem aos estilos “vintage”, como os carros dos anos 20 ou bicicletas antigas; outros, têm estilos únicos: hot dog, brigadeiros, sorveteria antiga, minibar, entre outros. O design personalizado atrai à curiosidade de adultos e crianças. Rafael Garcia, 32 anos, dono da Di Antonio Carrinhos Gourmet, percebeu esse crescimento no setor de Food Service (Alimentação fora do Lar). “Primeiro, tem que comer bem e barato, porque você não consegue comer bem em qualquer lugar no dia a dia. Em segundo, os carrinhos e food trucks trabalham com produtos de qualidade com um preço muito inferior. Essa é uma tendência que vai aumentar no Brasil”, explica.

Ele garante que cada carrinho projetado e personalizado conforme o que o cliente precisa, supera o custo de uma reforma num ponto comercial alugado, por exemplo. Fica mais em conta investir num carrinho do que o valor gasto na reforma, e no prazo de 30 a 60 dias, a empresa está montada, funcionando e faturando. A aquisição fica a partir dos R$ 8.000.
Os perfis de clientes que procuram à fábrica, variam muito conforme sua necessidade. “O perfil vai desde o casal recém-casados que desejam montar seu próprio negócio, pessoas que vendem doces, sorvetes, que trabalham com eventos e festas até grandes empresas que fazem ações de live marketing”, comenta. Destas empresas, Campari, Brastemp, Nestlé e Dileto são seus clientes.

Foto: Divulgação/DiAntonio
Foto: Divulgação/DiAntonio

Diferente da estratégia do Rafael, Bruna Duo, de 28 anos, e seu marido, criaram a Fine Truck com outro objetivo: alugar carrinhos com serviços agregados, como a personalização e cardápio de doces para festas e eventos em empresas como: agências de marketing, assessorias e decoradores. O fruto disso saiu de um desejo de terem sua própria empresa. “Eu sai do trabalho fixo para ajudar meu marido com o trabalho dele, pois ele trabalha por conta. Pensamos em complementar a renda com algo a mais, assim surgiu a ideia dos carrinhos”, explica. 

"Os carrinhos gourmet ainda são novidade no mercado, acredito que este seguimento tem muito para crescer",
 diz Bruna Duo, 28 anos.
Foto: Divulgação/Fine Truck
Foto: Divulgação/Fine Truck


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Este blog é uma versão teste e provisória do Fapcomunica Online, jornal laboratório do curso de Jornalismo da Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação

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