A REVALORIZAÇÃO DO VINIL E A SUA PRESENÇA 'PALPÁVEL' NA ERA DIGITAL
Por - Israel G.
Em meados da segunda parte dos anos 1940 surgia um tipo de mídia que faria
amantes fieis por sua sonoridade particular e o ‘ruído’ característico provindo
da agulha em contato com sua superfície, e esta peculiar distinção parece ser
provavelmente o apelo e a “nuance” mais evidente que suscita tal experiência
sinestésica ao ouvinte. Algo que perpetuaria a paixão e o desvelo demostrado
por certos diletantes em prol do vinil ao longo de décadas, trazendo encrustado
no “acetato” negro o Zeitgeist que
traduz um pouco a essência daquela época.
O vinil, como foi chamado devido ao Polyvinyl
chloride, uma das substancias presentes em sua composição, teve e volta a
mostrar sua importância. E de que forma tem sido realmente a relação que 'temos' com o vinil? Como suporte físico
para a música enquanto arte ou apenas como a materialização de um produto com fins meramente monetizável? Em
entrevista concedida a TV cultura em 1985, Elis Regina já ponderava sobre o
assunto.
Desde
sua criação houve diversas variáveis na aquisição do vinil, picos de vendas e
fases com muita estagnação, com o surgimento do CD, e mais tarde devido à
evolução tecnológica, isto é, o advento do MP3 e os serviços para streamings de
músicas através de recursos como o Spotify e o Deezer. Mas o que muitos
usuários destes dois últimos não sabem, é que o precursor de tudo isso foi o Napster
no início dos 2000’s, e a famigerada “briga” que teve com o Metallica; esta
rixa entre eles gerou na rede o infame trocadilho com uma música do grupo “Napster,Napster...”.
A
banda que lançou praticamente todos os seus discos também em formato de vinil, prosseguiu
com a tradicional conduta, e o release do novo álbum Hardwired to self destruct (2016) pode ser encontrado em um set com LP duplo. O Metallica é um
dos vários artistas que promovem a difusão do vinil no mercado
fonográfico.
Após
o surgimento de arquivos em formatos mais compactos feitos especialmente para
atender o publico “internauta”, que emergia cada vez mais exigente com o
desenvolvimento célere da tecnologia, o CD se tornou rapidamente ultrapassado.
Concomitante a este processo, o anseio nostálgico das pessoas por reviver ou
rememorar praticas e costumes antigos foram tomando novo folego; e essa 'onda' começava a
se materializar e o 'mimetismo' gradualmente tornar se mais assíduo em suas vidas, sendo o vinil um dos objetos destes tempos à la retrô. Seu retorno no
Brasil dá o pontapé inicial em 2010 quando os proprietários da Deckdisc reabre
a Polysom, fabricante no período de 1999 a 2007 e provável responsável pelo
boom atual. Em São Paulo futuramente haverá um novo fabricante de vinil, e o projeto pode ser conhecido no facebook ou no site deles.
Paralelamente
a isso, sebos, lojas do segmento e feiras especializadas iam ganhando espaço. Um
exemplo disso é o Casarão do Vinil, um exímio fruto de uma das feiras que
acontecia periodicamente, e ganhou morada fixa na zona leste de São Paulo...! Outras lojas, que se destacam na comercialização de vinil em SP é a Sensorial Discos, a Locomotiva
discos e a Baratos e Afins, que é comandada por Luiz Calanca e família, e irá
completar 40 anos de atividade em 2018, ele fala um pouco deste marco e comenta
sua opinião sobre o pequeno espaço que a música popular brasileira tem
atualmente na mídia.
Em 2016 o disco mais vendido do ano foi o álbum Blackstar do cantor David Bowie, artista com inúmeros sucessos como Space Oddity, Lady Grinning Soul, Modern Love, Life on Mars, Absolute begginners.
FONTE: IMAGEM DIVULGAÇÃO |
O motivo deste recorde de vendas deve se provavelmente a morte do cantor, o camaleão do Rock deixou milhares de fãs em janeiro do mesmo ano de lançamento do disco, após luta contra o câncer. Além do legado de vários de seus álbuns e trabalhos produzidos em vinil. David Bowie também fez participação ilustre no disco Reflector da banda Arcade Fire, álbum que por acaso foi lançando em uma edição limitada em vinil duplo de ‘12... Veja aqui detalhes de tamanhos.
FONTE: SITE OFICIAL DA BANDA |
Ele
também é muito citado no livro Thing of Beauty no qual a protagonista
Gia tem uma leve obsessão pelos discos de Bowie na adolescência, e a historia se passa no
introito dos anos 1960 até a metade dos 80’s, épocas em que o vinil estava
altamente em voga apesar do surgimento de sua prima próxima, a fita cassete ou
simplesmente K7, em 1963. Entre as canções que o cantor compôs
que embalaram e ainda empolgam muita gente, está Heroes um de seus
mais conhecidos hits. Apresentado ao publico mais jovem, e utilizado no filme As vantagens de ser invisível (The perks of being a
wallflower), tendo sido esta e outras composições escolhidas para fazer parte da
trilha sonora do longa-metragem. E o que tem de especial nisso é que esta trilha foi lançada em vinil.
FONTE: SITE URBAN OUTFITTERS |
O
vinil tornou se um item querido de muitos, e não se limita ao estilo
musical. Diferentes artistas se destacaram na venda desse “bolachão” de
policarbonato, o grupo Radiohead com seu indie e o disco A Moon Shaped Pool, e os antecessores In Rainbows e o Okay Computer.
A cantora Adele com um pop mais estruturado no disco 25. Outra cantora famosa com um disco de vinil
muito vendido é Amy Winehouse, com recorde exponencial de vendas do seu
álbum Back to Black,
após sua morte em 2011, e que se mantem entre os dez mais vendidos até hoje.
Para
2017 existe a previsão de 18% no aumento das vendas de acordo com matéria do
globo, as vendas devem ultrapassar US$ 1 bilhão pela primeira vez após os anos
1980; caso queira ler na integra. Com a alta procura e o enorme investimento das
grandes gravadoras, os fabricantes de vinil triplicaram o tempo para a
produção de cada unidade. Isso não foi um negócio exatamente favorável para a
música eletrônica, pois os investidores estão muito mais
preocupados com os lucros e dividendos, do que propriamente com a qualidade do
tipo de música que estão disseminando por ai. Para eles, o vinil seria apenas mais um tipo de chamariz para fisgar o interesse dos
consumidores para outros de seus produtos. Leia mais em ilustrada.
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