Por Tamires Vitorio
São 19h50. A noite chega, escura e densa – mesmo sendo horário de verão. Uma festa ocorrerá quase na mesma rua dos prédios, no entanto, deve-se seguir reto e virar à esquerda perto da escola pública.
Meus amigos e eu decidimos parar em uma pizzaria. Dois deles carregam, escondidos na cintura, celulares novos. No outro lado da rua, uma moto aborda um senhor: dois homens sem capacete, jovens, apontam a arma e levam o celular.
Poderia ter sido qualquer um.
São 19h50. A noite chega, escura e densa – mesmo sendo horário de verão. Uma festa ocorrerá quase na mesma rua dos prédios, no entanto, deve-se seguir reto e virar à esquerda perto da escola pública.
Meus amigos e eu decidimos parar em uma pizzaria. Dois deles carregam, escondidos na cintura, celulares novos. No outro lado da rua, uma moto aborda um senhor: dois homens sem capacete, jovens, apontam a arma e levam o celular.
Poderia ter sido qualquer um.
Moro na Rua do Medo.
Que fica no Jardim D'Abril, quinto bairro com o maior número de assaltos em Osasco, segundo o ranking do site Onde Fui Roubado.
Não tenho segurança alguma. Basta um barulho de escapamento, homens sem capacete pilotando motos sem placa e o coração bate mais forte. Faço anotações mentalmente: o celular está bem escondido? Se ele pedir minha mochila eu não dou, imagina, perder o passe livre? O celular reserva está fácil? Tenho, pelo menos, cinco reais na carteira?
Esta é uma situação comum no bairro Jardim D’Abril, zona Oeste de São Paulo – e os crimes não têm horário para acontecer.
Limite entre os municípios de Osasco e de São Paulo, o bairro dá acesso a locais como a Avenida Politécnica e a Rodovia Raposo Tavares, mas parece abandonado por ambas as prefeituras – que jogam a administração do local uma no colo da outra e esquecem-se dos moradores que, aflitos, seguem suas vidas.
Quando o barulho da moto se esvai, me tranquilizo.
Sei que não sou a única - em um bairro que, em 2010, tinha 14.445 habitantes (e que apenas cresceu nos últimos sete anos), todos sentem medo.
O apelido (nem tão carinhoso) de "Rua do Medo" foi dado pelo Datena. Aqui, até a imprensa sentiu medo de ser assaltada.
É mais um dia na Rua do Medo.
O apelido (nem tão carinhoso) de "Rua do Medo" foi dado pelo Datena. Aqui, até a imprensa sentiu medo de ser assaltada.
É mais um dia na Rua do Medo.
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