terça-feira, 2 de maio de 2017

Torcedor morre em estádio - até que ponto há segurança?

Mortes de torcedores do São Paulo e Bahia recentemente fazem questionar a segurança nos estádios e o comportamento de quem vai até eles para acompanhar os jogos

 Por Beatriz Bacelar*                                  


 Foto: Beatriz Bacelar
Estádio Cícero Pompeu de Toledo                                                                                                                                      

Paixão e futebol andam fielmente juntos. Essa mesma paixão causa muita euforia dos fãs pelo esporte. Essa sensação fisiológica de bem-estar é sem dúvida a principal emoção dos torcedores nos estádios de futebol. Essa mesma euforia vem desenvolvendo algumas atitudes inesperadas. No clássico paulista entre São Paulo e Corinthians de 26 de março, presenciamos a cena de torcedores trocando de setor no estádio Cícero Pompeu de Toledo, também conhecido como Morumbi. Essa indisciplina causou a morte do Bruno Ferreira Silva, 23, que ao tentar passar por uma divisória caiu de uma altura de 25 metros.

                                                                                                                                   Foto: Beatriz Bacelar
Foram colocadas pranchas de aço para evitar a passagem irregular, depois da morte do torcedor Bruno no clássico paulista entre São Paulo e Corinthians de 26 de março            

Bruno não foi o único a se arriscar. Segundo o torcedor Igor Souto, não é novidade a atitude dos são-paulinos. Mesmo com as divisórias acrílicas a infração acontece repetidamente e todos estão cientes disso, como conta:




A questão é: Como manter todos seguros dentro de um estádio? Segundo o Estatuto de Defesa do Torcedor, “Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização das partidas”. O acidente foi consequência de uma atitude do torcedor são paulino, mas são ações recorrentes de muitos que estão no local. Depois do ocorrido foram coladas chapas de aço nas divisórias para evitar que as pessoas tentem novamente pular de setor. Além disso, a segurança aumentou. Segundo o brigadista Cesar Oliveira que trabalha em todos os jogos no Morumbi, serão colocados mais brigadistas para monitorar o local. No jogo contra a equipe do Linense, no dia 08 de abril a presença da polícia era maior entre as divisórias do estádio.

Seguranças que trabalham nos camarotes do estádio ouvidos pela equipe do FAPCOMUNICA ONLINE destacam a necessidade de fiscalização em todos os setores para monitorar a torcida.

Já ocorreu antes
Não é a primeira vez que acontece um acidente no Morumbi. Na edição da Libertadores de 2016 no jogo contra o Atlético Mineiro, de 11 de maio de 2016 uma grade do anel inferior do estádio cedeu no momento de comemoração do gol deixando 16 pessoas feridas. 

Até que ponto os torcedores estão seguros em um estádio de futebol? A falta de fiscalização e vistoria de manutenção são uma das principais falhas nas estruturas. Uma das maiores tragédias que ocorreu em estádios no Brasil foi em 2007 no antigo estádio Octávio Mangabeira, atual Arena Fonte Nova. Após desabamento de arquibancada no jogo entre Bahia e Villa Nova, sete pessoas morreram. 

O que aconteceu em Fortaleza em 2007 e São Paulo em 2016 foi por causa da falta de manutenção. Já o incidente do clássico paulista deste ano reforça a imaturidade de muitos dos torcedores. Todavia, estas tragédias evidenciam falhas na fiscalização dos estádios brasileiros. Uma vistoria apurada, por exemplo, em todos os setores é o melhor caminho. Assim como uma campanha de conscientização junto à torcida se faz necessária e urgente. 

                                                                                                                                                 Foto: Beatriz Bacelar
Setor onde o torcedor Bruno estava no jogo SPFCxCorinthians                                         

Segurança é privada ou pública?
A Polícia Militar quem faz o papel de segurança nos estádios brasileiros, mas o cenário está prestes a mudar com o projeto da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) que analisa a possibilidade de segurança privada no interior dos estádios. A segurança privada não substitui o papel da polícia, principalmente em relação a brigas e vandalismo, pois não há autonomia para atuar em confrontos de torcida como agentes controladores. A justificativa desta iniciativa é garantir segurança de forma completa. Essa segurança é pública, mas se aplica a poucos campeonatos. O Paulista, por exemplo, exige a cobrança pela presença da Policia Militar. Neste ano, o serviço do militar custa R$ 31,87 por hora, ou R$ 191,22 pelo turno de seis horas. Essa e mais outras são as razões pelo pedido da segurança privada. Além de impostos, os clubes também pagam por esse serviço feito atualmente pela equipe da PM. 

A regra é: A segurança no estádio é responsabilidade de quem promove o evento. Mas cabe a todos lembrar a importância da consciência de quem frequenta o local, o próprio torcedor. Violência, sinalizadores e outras atitudes que coloquem em risco a vida de alguém mostram também a imprudência dos torcedores. O bom estar de todos também é consequência das pessoas que frequentam o ambiente.

*Estudante do 6º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM
FAPCOMUNICA ONLINE - produção jornalística desenvolvida na disciplina Jornalismo Digital: Práticas Laboratoriais, com supervisão da professora Fernanda Iarossi
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