Por Luis Antonio e Cristiane Carvalho*
A taxa de desemprego no Brasil atingiu 13,2% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São mais de 13 milhões de pessoas desocupadas, uma alta de 11,7% (o que representa mais de 1,4 milhão de pessoas quando comparada ao trimestre encerrado em novembro de 2016).
Com a crise econômica, alta de terceirização de setores, falta de capacitação, entre outros aspectos, alguns encontram oportunidade no trabalho informal.
Um destes cenários, e muito frequente, é comércio ambulante nos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Para conquistar - ou incomodar alguns - passageiros, os vendedores esbanjam criatividade, esperteza e boa lábia. Variadas são as opções: de balas e doces, cartões de memória, fones de ouvido, pen-drives e até apresentações musicais.
Arnaldo Silva, de 21 anos, vendedor e ex-presidiário, aprendeu com o primo de sua mulher a vender balas no farol. “No primeiro dia no farol, fiz R$ 100. E fui. Depois quando soube que meu amigo morreu e minha filha ficou internada, desanimei”, lamenta. Após esta situação, começou a vender balas, água e pururuca nos trens da Linha 11 da CPTM para aumentar a renda.
Dentro dos vagões, eles fingem como passageiros comuns. Alguns, andam acompanhados para carregar a mercadoria do parceiro e alertar sobre qualquer suspeita, já que o comércio, por lei, dentro dos trens é proibido. “A maioria das pessoas que seguram mercadoria acabam perdendo a vergonha e saem vendendo também”, explica Arnaldo.
Ele conta que sua mulher também começou a ajudar, porque ficou desempregada. “Ela trabalhava, só que a firma entrou em falência. Estava pesado para pagar aluguel, pagar as contas, fazer compras e nos manter. As coisas não estão fáceis”, desabafa.
Se não tem nenhum segurança por perto, surgem bordões como ‘olha patrão, olha patroa, o produto vem de Moscou. “Moscou”, o guarda levou’.
No entanto, o número de denúncias sobre venda ilegal nos trens cresceu 170% de 2015 a 2016, segundo a CPTM, por causa da facilidade que usam para vender. “Eu já vi passageiros que reclamam, se incomodam, porque querem ter conforto. Mas é o ganha-pão deles”, diz Thaís Souza, usuária da Linha 8 - Diamante.
Arnaldo encontrou uma solução, mesmo com as circunstâncias de ser pego pelos seguranças das estações ou a denúncia dos usuários. “Eu prefiro vender umas balas do que tirar dos outros. Tem gente que critica e respondo que prefiro vender bala do que vender droga para seu filho”, conclui.
*Estudante do 4º semestre noturno de Jornalismo da FAPCOM.
Especial Perrengues e alegrias no transporte público de São Paulo na disciplina Redação Jornalística. Leia mais dentro desta série: Amor por entre os trilhos.
terça-feira, 30 de maio de 2017
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