Confira a descrição do áudio na íntegra:
Saio do metrô apressado. Não somente por vontade própria, mas também pelo forte empurrão de todos atrás de mim. Um formigueiro de pessoas buscam pela escada rolante e, por fim, a saída.
Na rua, os carros rodam em alta velocidade para os dois sentidos, as buzinas a guincharem, os escapamentos a tossirem e eu a me sufocar. Atravesso o asfalto esburacado com cuidado. A chuva da noite transformou pequenos buracos em oceanos.
No ponto de ônibus, o tumulto é grande quando a água acumulada no meio-fio invade a calçada. A agitação chega ao ápice quando, em meio a água revolta, a gente toda quer subir no coletivo e sentar na janelinha.
Arrumo um espaço para mim catraca adentro enquanto dois estudantes são barrados catraca afora. Havia se passado um minuto das 2h disponíveis para integração.
Jogo os olhos indiscretamente para o celular a minha frente, de um passageiro qualquer. A manchete deixa clara a mensagem: crianças não podem repetir merenda nas escolas. Pisco, viro os olhos, e em outro celular, o Príncipe da democracia exalta algo em um dos seus vídeos no Facebook.
Olho pela janela e encaro a parede cinza do elevado. Meu estômago retorce. Talvez indigestão. Faço uma anotação mental: devo cortar margarina Doriana do café da manhã.
0 comentários:
Postar um comentário