Entre os principais efeitos colaterais das novas tecnologias, encontra-se
a epidemia de miopia entre crianças e adolescentes
Foto: http://arkamedia.nl
Por Mario Tadeu
Um olhar atento de
pais e professores pode ajudar a prevenir futuros problemas de visão. É cada vez
mais comum ver crianças e adolescentes “grudados” em equipamentos eletrônicos. Monitores
de videogames, computadores, tablets, smartphones... Muito cedo eles começam a fazer parte
da vida das novas gerações, cada vez mais cedo. O uso excessivo destes equipamentos
tem aumentado demasiadamente e, com ele, o desenvolvimento precoce de problemas
oculares, tais como miopia, cansaço visual, vermelhidão, ardência, lacrimejamento,
sensibilidade à claridade, visão embaçada, olhos secos e sensação de peso nas pálpebras,
dentre outros.
Pesquisa do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou um crescimento no uso de celulares em 107,2% e da internet em 143,8% nos últimos anos, e as
telas pequenas desses aparelhos, com baixas resoluções, exigem um foco mais preciso
da visão, podendo desencadear a chamada “Síndrome da Visão do Computador”, com a
maioria dos sintomas já descritos acima. Quanto maior a tela, alta resolução e imagens
nítidas, menor esforço ocular necessário, porém, muito tempo diante desses equipamentos
podem gerar os mesmos problemas a médio prazo.
A vista cansada, decorrente da fixação dos
olhos na tela de aparelhos que emitem luz durante muito tempo, resulta no aumento
entre as piscadas e gera o ressecamento ocular. A curto prazo, a córnea fica hipersensível
e gera os sintomas citados; a longo prazo, a córnea pode se tornar menos sensível,
ocasionando inflamações e ulcerações. Focar imagens em telas digitais pode causar
mais cansaço visual do que a leitura de um livro ou revista. Pausas frequentes podem
reduzir a fadiga visual das crianças e adolescentes em contato com esses aparelhos.
De acordo com os doutores Christian Wang e Denis Wang, especialistas da
clínica Multiclin, o ideal é,
a cada 20 minutos, afastar-se e olhar para um outro objeto mais distante por um
mínimo de 10 segundos.
Uma visita anual ao oftalmologista deve
fazer parte da vida de crianças e adolescentes, já que problemas oculares diagnosticados
precocemente terão pouca ou nenhuma repercussão na fase adulta. Se não percebidos,
podem prejudicar o aproveitamento escolar e acarretar sequelas para sempre.
Fonte: TV Cultura – Jornal da Cultura –
Epidemia de Miopia
O olho humano e displays eletrônicos
As primeiras gerações digitais sofreram
muito mais os efeitos dos malefícios causados pela exposição a telas de aparelhos
eletrônicos. Os monitores CRT, sigla que traduzida para o português significa tubo
de raios catódicos, tinham taxa de atualização de imagem em níveis reduzidos demais
para o olho humano e causavam um efeito chamado flickering, uma oscilação quase imperceptível,
mas que cansa rapidamente a visão.
Atualmente o LCD, liquid crystal display,
tornou-se o principal tipo de tela dos aparelhos digitais. A iluminação é toda feita
em uma lâmpada fluorescente especial, que espalha a luminosidade pela tela. Tem
uma taxa de atualização, que em geral é algo em torno de 200 Hz ou piscadas por
segundo, minimizando os danos à visão. A imagem visualizada em um monitor LCD se
mantém estática até que suas cores ou formas mudem, sem cansar tanto a visão como
ocorria em um CRT. Como a iluminação tem altas taxas de frequência, o efeito de
flickering não ocorre tão nitidamente.
Foto: https://piximus.net
Epidemia de Miopia
Especialistas estão cada vez mais preocupados com o aumento expressivo de
casos de miopia (dificuldade de focalizar pontos distantes). Nos últimos 50 anos,
o número de pessoas com a doença duplicou e as estimativas futuras não são nada
boas. A previsão é de que nos próximos anos um terço da população mundial terá miopia,
e até 2050 o número pode chegar a 50% da população mundial. A maior incidência deste
aumento está entre os jovens do leste asiático, que chegam aos níveis de 90% dos
adolescentes de ensino médio míopes em países como China e Coreia do Sul, locais
onde o uso de aparelhos digitais é, por si mesmo, uma grande epidemia. Esses dados
foram pesquisados pela Universidade de Houston (EUA, Texas).
Embora a maior parte dos casos de miopia na infância seja hereditária, as
pesquisas já sugerem que o esforço visual exigido pelo uso constante de aparelhos
digitais está relacionado à miopia, devido ao esforço para manter o foco, causando
uma fadiga que provoca alterações nos olhos e pode contribuir para o desenvolvimento
dessa patologia. Para Dr. Smith do Instituto de Olhos da Universidade de Houston, “em situações em que
existe alta demanda educacional, as pessoas têm grandes chances de tornarem-se míopes.
Eu uso nossos estudantes como exemplo. Quase metade deles teve o seu grau de miopia
aumentado durante os quatro anos de Faculdade... Embora a genética tenha um papel
em determinar a nossa suscetibilidade, há algo em nosso comportamento e nosso ambiente
que está contribuindo para o aumento de casos de pessoas míopes".
Prevenção
- Faça pausas de no mínimo 10 segundos,
a cada 20 ou 30 minutos durante o uso de aparelhos digitais e procure olhar
para pontos distantes.
- Ajuste a luminosidade do ambiente
e da tela do computador. Luminosidade excessiva ou ambientes muito escuros,
resultará em contração ou dilatação das pupilas, gerando cansaço visual.
- Uma distância recomendada entre o monitor e o olho
é de 45 a 70 cm. Posicione o monitor entre 10° e 20° abaixo do nível dos olhos.
- Displays grandes cansam menos
os olhos e evite usar letras pequenas.
- Lembre-se de piscar. Os olhos
humanos piscam, em média, quinze vezes por minuto, mas essa taxa diminui pela
metade quando estamos diante da tela de um aparelho digital.
- Lubrifique seus olhos com colírios
recomendados por seu oftalmologista.
- Consulte um oftalmologista pelo
menos uma vez por ano e/ou sempre que o desconforto com a visão se tornar recorrente.
No portal do Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO é possível
consultar diversas informações sobre saúde ocular e amplo material sobre tratamentos
e prevenção sobre os principais problemas de visão.
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