quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Desafios da educação para mulheres maduras

Mulheres com mais de 40 anos se deparam com obstáculos ao retornarem para a sala de aula

Por Gabriella Camilo, Isabela Strabon e Tayna Vismari

Muitos adultos abandonaram a educação básica para que pudessem trabalhar e ajudar em casa - para eles essa era a única opção. O pesquisador Pedro Diniz acredita que o pior analfabetismo é justamente o que ocorre pela negação do direito de estudar. Enquanto não conquistam um diploma, estas pessoas ficam sujeitas a cargos não valorizados no mercado de trabalho.

Um dos fundadores da Sociologia, o alemão Max Weber escreveu: “O trabalho dignifica o homem”. Mesmo fora de contexto, este ponto de vista explica bem a importância dada à produtividade nos tempos modernos. O psicólogo Elias Motta diz que o sucesso no trabalho é a principal fonte de autoestima do homem maduro, mas ele completa ao explicar que a mulher madura de hoje não se satisfaz com a estabilidade financeira. Para elas, as principais fontes de autoestima são atividades comunitária e, o mais curioso, a educação formal.


Roseli Herbest, 56, lembra de quando optou pelo curso de Pedagogia, no qual se formou aos 21 anos. A escolha foi feita de acordo com aquilo que ela poderia pagar, garantisse tempo suficiente para trabalhar, ajudar em casa e que tivesse alguma afinidade com seus talentos. “Eu sempre gostei de ensinar, só que havia um sonho escondido e somente eu conhecia: cursar Arqueologia ou Psicologia”, recorda. 

Em 2006, durante uma conversa com o diretor da escola em que trabalhava, ela compartilhou esse sonho. Dias depois, o mesmo lhe entregou um documento de inscrição na faculdade de Psicologia. Ao se apresentar perante a sala no novo curso e contar sua história, um professor numa época disse: “Tem tudo a ver, pois tanto a Arqueologia como a Psicologia desvendam os mistérios mais ocultos, um na terra e o outro na mente”. Nesse momento, ela sentiu estar no caminho certo. 

Formada há sete anos, Roseli se considera uma mulher de sorte, pois foi capaz de unir seu trabalho à sua vocação. Hoje, acredita que as faculdades e universidades estão ainda mais preparadas para receber alunos com mais de 40 anos, e reforça que a educação formal é capaz de ampliar a autoestima de uma mulher - principalmente quando se trata da realização de um sonho. 


Educação para Jovens e Adultos

O Colégio Santa Cruz está na zona oeste de São Paulo e destaca-se na EJA (Educação para Jovens e Adultos), pois é um dos poucos a atender tanto alunos analfabetos quanto os que já passaram pelas primeiras etapas. Para aqueles que nunca foram à escola, o percurso é longo: o Ensino Fundamental dura seis anos e, o Ensino Médio, mais dois anos. O aluno  realiza um teste que define em qual nível ele irá ingressar. 

E foi justamente no Colégio Santa Cruz que Maria das Graças, Raimunda Macedo e Ester Carvalho se conheceram. Dentro da sala de aula, três mulheres com histórias, sonhos e rotinas distintas se apoiam para realizar um objetivo em comum, se formar no Ensino Médio.  


Maria das Graças Ferreira, 46, parou de estudar aos 16 anos para trabalhar. Depois de casar, criar os filhos e enfrentar muitos problemas, percebeu que queria voltar a estudar. Seu próximo objetivo é a Faculdade de Direito.



Raimunda Macedo, 57, não foi alfabetizada desde criança e hoje está prestes a concluir os últimos anos da escola em que está desde 2010. Nesse tempo, ela encontrou obstáculos, mas sempre retornou para o caminho em direção ao seu sonho. 



Ester Carvalho tem 56 anos e buscou o EJA para concluir os estudos que havia abandonado há anos. Ela conta que sempre foi muito preguiçosa para estudar e não fazia questão de conquistar o diploma, mas, quando retornou os estudos, percebeu o quão equivocada estava.

As três amigas concordam que é preciso ter força de vontade para retornar aos estudos e que as horas de estudo são recompensadas ao perceber que a cada etapa conquistam mais independência. Entre lembranças, Maria sorri e afirma: “Eu renasci depois que voltei a estudar”.

Para encontrar uma escola que oferece o EJA em São Paulo, acesse o site

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