Por Luana Gasparotto, Mariana Nogueira e Raisa Cavalcante
Flores de Outubro:
Histórias de superação e empatia com mulheres que tiveram câncer de mama
Em fevereiro do ano seguinte, ela participou de um
evento para pacientes oncológicas. E enquanto cortava seu cabelo, Débora ganhou
uma peruca. Emocionada com o gesto, decidiu que faria algum projeto para que as
mulheres obtivessem perucas gratuitamente e sentissem mais acolhidas.
Depois de meses trabalhando pela causa e levantando
autoestima das mulheres no tratamento quimioterápico, ela lançou em março de
2017, o Instituto Amor em Mechas - Transformando
vidas. E com quase dois anos de existência, já foram doados mais de 750 kits.
Confira o recado que a Débora Pieretti tem para
você.
Outro projeto do bem
Reconstituição gratuita de aréola em estúdios de tatuagem
Durante o Outubro Rosa, são feitas campanhas em
todo mundo para alertar sobre a importância da detecção precoce do câncer de
mama. A doença atinge mais de 57 mil mulheres no Brasil, tirando não apenas parte
do seio ou a mama inteira, mas sim a autoestima das vítimas.
É possível encontrar estúdios em São Paulo com
profissionais especialistas em redesenhar a região da aréola, usando técnicas
de tatuagem. Os tatuadores utilizam a mesma tinta da tatuagem, fazendo com que
o desenho dure mais tempo e não seja necessário o retoque. O estúdio Led’s Tattoo, localizado em Moema, faz sessões
grátis para mulheres que tiveram a doença. São cerca de 10 horários reservados
por mês, mas em outubro a equipe reserva 20 espaços na agenda. Fora do mês
especial o custo do procedimento costuma sair por volta de R$ 700.
Uma luta de espinhos
Celia Regina de Macedo Tanus, 64 anos, recebeu o diagnóstico de câncer
de mama através de um exame de mamografia feito como rotina. A informação, que
veio de repente, a deixou assustada. Foi encaminhada para mastologista e
descobriu que eram microcalcificações e precisava fazer mastectomia preventiva
mamária - cirurgia de retirada da parte interna da mama para que não ocorra a
formação de um tumor. Entretanto ao terminar a consulta, a médica afirmou que
apesar dela atender o convênio de Celia, só realizaria o procedimento ao lado
de um cirurgião plástico particular. A notícia veio como um choque financeiro:
”Senhor, eu estava com um problema, agora estou com dois”, pensou ela ao olhar
o céu da Avenida Paulista após a consulta.
Vinda de uma família religiosa, desde cedo foi ensinada a ter fé e
acreditar em milagres divinos. Dessa forma, encontrou em Deus um refúgio que a
fez acreditar no que parecia impossível naquele momento: sua cura. Mesmo
pensando diversas vezes que o câncer poderia matá-la, acreditou em uma força
maior. Em menos de uma semana, sua cunhada levou até ela a informação de que
uma conhecida fazia tratamento pelo SUS e a encorajou para tentar o mesmo e foi
assim que tudo começou.
As flores também precisam de água ou lágrimas
A ficha do diagnóstico só caiu na primeira consulta com o oncologista,
para saber quantas quimioterapias iria precisar e como seria o tratamento do
câncer de mama.
Seguiu chorando até o consultório do médico e lá ele se fez racional,
visto que já tratou outros casos de câncer. “Olha, eu vou morrer, a senhora vai
morrer, todos vão morrer e isso é fato”, lembra Celia Regina das palavras do
médico. Imediatamente engoliu o choro e ele continuou: “Mas nós temos aqui um
tratamento, o que tem de melhor hoje para oferecer e será usado na senhora”,
incentivou. As lágrimas tomavam conta dos olhos azuis de Celia, porque aquele
dia, segundo ela, foi a última vez que derramaria lágrimas pela doença que
estava enfrentando.
Embora tivesse muito medo de realizar diversos exames, se sentia
vitoriosa sempre que conseguia se submeter a eles. “Na vida precisamos ter
atitude. Eu poderia ter atitude de uma pessoa derrotada pela doença ou poderia
pensar ‘eu posso, eu sou vitoriosa’ por isso que a minha fé triplicou”, conta
Celia.
Quando os efeitos colaterais começaram a surgir, logo procurava entender
aquele sintoma e ficar bem de alguma forma. Ela explica que para curar as
náuseas bebia chá de gengibre, para tratar as aftas fazia bochechos com
bicarbonato de sódio e água e para a secura na boca, chupava bala de hortelã.
Durante o tratamento, procurou alternativas que a ajudasse a se sentir
menos estressada e ansiosa antes das consultas, e descobriu a técnica Emotional Freedom
Techniques (EFT), ou Técnica de Libertação
Emocional, em português. Esse método terapêutico é parecido com acupuntura, mas
não utiliza agulhas. Além disso, pode ser realizado em clínica ou auto
aplicado.
Nem tudo são flores, mas as raízes se fazem presentes
A perda de cabelo é comum em pacientes com câncer de mama. Isso acontece
devido aos exames realizados a fim de curar a doença, e Celia tinha total
consciência dessa circunstância. Por isso, quando seus cabelos começaram a
cair, ela decidiu cortá-los. Uma auto estima boa também foi essencial, já que
se sentir bem nessa fase da doença é de extrema importância.
“O apoio familiar foi muito importante pra mim. Meu marido tratou de
ficar careca e ficamos assim juntos. Meus conhecidos gostavam de beijar minha carequinha,
assim como as enfermeiras também”, relata.
Ela acreditava que o tratamento da quimioterapia era como uma limpeza. “Eu
procurava encarar aquilo como algo muito bom, pensando sempre que eu estava me
beneficiando. Era um momento meu em que eu tinha pensamentos positivos para
desejar coisas boas para todos que estavam na sala de tratamento comigo”, diz.
Em seguida, recebeu a notícia da cura.
Para as mulheres que estão em processo de combate ao câncer de mama,
Celia Regina de Macedo Tanus deseja determinação nessa caminhada. Uma caminhada
cheia de obstáculos, mas com flores a florir em cada passo dado.
Sintomas e Tratamento
Existem diversos tratamentos para a doença, e a escolha depende do
estágio do câncer, e em alguns casos, mais de um método pode ser utilizado. O
tratamento envolve:
A Cirurgia, normalmente é usada no estágio inicial do câncer,
pois o risco na retirada do tumor é menos prejudicial a mama. Ela engloba a cirurgia
reconstrutiva, a mamoplastia -
cirurgia plástica para aumentar ou reduzir o tamanho dos seios ou para
reconstruir uma mama, a expansão de tecido - que coloca um balão
sob a pele para expandi-la, gradativamente e o tecido ao redor. a linfadenectomia
- que remove cirúrgica de um linfonodo, mastectomia - remoção
cirúrgica total ou parcial da mama e a excisão local ampla - remoção de
uma pequena área de tecido, que ultrapassou a extensão da doença.
A Radioterapia utiliza raios-X e outros raios de alta
energia para destruir as células anormais e encolher os tumores. Ela
normalmente acontece em estágios que o tumor não espalhou e em casos de não
metástases.
A Quimioterapia faz uso de medicamentos orais e intravenosos,
para diminuir, controlar ou destruir, em outras palavras, tem objetivo de matar
as células que estão crescendo e se multiplicando rapidamente. Ela pode ser
feita antes ou depois da cirurgia, tudo é decidido de acordo com estado clínico
da paciente. Quimioterapia hormonal - trata cânceres hormonais
sensíveis, com intenção de impedir a ação dos hormônios que fazem as células cancerígenas
crescerem.
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