sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A presença da mulher na torcida organizada

Reunir-se com pessoas que amam o mesmo time e ficar mais próxima do clube são algumas das motivações de mulheres que participam das uniformizadas

Por Raíssa Vila

Uma forma de apoiar o time do coração, além do convencional, é fazer parte de suas torcidas organizadas para sentir-se ainda mais torcedoras. É o caso de milhares de brasileiras que se associam às torcidas uniformizadas.

As torcidas organizadas tiveram origem na década de 1960 no Brasil, com o objetivo de apoiar o time, fazer um espetáculo visual na arquibancada e fiscalizar a gestão do clube. No espetáculo incluem bandeiras, cantos, mosaicos e performances dentro e fora do estádio.

A primeira torcida organizada a ser criada no país foi a Gaviões da Fiel, em 1969. A torcida que a Olga Ribeiro, de 54 anos, acompanha desde criança e faz parte há sete anos.

O ambiente futebolístico é geralmente hostil e composto por uma maioria de homens. Assim como na arquibancada da torcida normal, mulheres que fazem parte das organizadas presenciam machismo e preconceito. Olga relata que na Gaviões da Fiel já vivenciou episódios que representam esse desafio, como quando um homem ofereceu a mesma marca de bebida para todos os integrantes homens da torcida durante um churrasco, mas para ela deu uma de marca inferior apenas por ser mulher.

Fora esse caso, a torcedora do Corinthians só pontuou questões como mulher não poder tremular a bandeira e tocar instrumentos da bateria.

A facilidade na compra do ingresso foi o que atraiu a Dayane da Silva Magalhães a entrar para a Torcida Jovem do Santos, mas não é só isso que a motivou a continuar na torcida. “É uma maneira de reunir as pessoas que amam o mesmo time e de ficarmos mais próximos do clube”, relata a santista.

De acordo com Dayane, os integrantes respeitam e incentivam a torcida feminina, mas costumam proibir que mulheres vão em jogos onde há a certeza de brigas, com o intuito de protegê-las.

Na Mancha Verde, da torcida do Palmeiras, o respeito também é imperioso, como conta a Gabrielle Jaquiel. “A instituição é uma instituição muito evoluída nesse sentido, nunca fui ofendida ou desrespeitada”, enfatiza a palestrina.

Apesar dos relatos positivos das torcedoras das organizadas, mulheres de diversos estados se reuniram no 1° Encontro Nacional de Mulheres de Arquibancada, em junho de 2017, para discutir a participação feminina nos estádios e estratégias contra o machismo nas torcidas.

Existem páginas que discutem o assunto na internet, por meio de vídeos e posts, encorajando a participação das meninas e desmistificando os estereótipos sobre mulher não entender o funcionamento do esporte. São algumas delas: Dibradoras, Movimento Toda Poderosa Corintiana, Mulheres de Arquibancada, Garotas de Organizadas.


 “Eu acho incrível fazer parte disso, é um ambiente onde outras pessoas compartilham de um mesmo sentimento. Ninguém ali me julga por ser fanática porque todo mundo também é” - Gabrielle Jaquiel, 28 anos, coordenadora de mídias sociais e palmeirense associada à Mancha Verde desde 2009
 “Nunca pensei em desistir da torcida, se todas as mulheres fossem desistir por conta do preconceito, muita gente não teria espaço” – Brenda Nathaly, 18 anos, estudante e são paulina associada à Independente há quase 5 anos

  “As únicas vezes que senti medo na torcida foram casos de confronto da polícia na arquibancada. Eles metem medo, a torcida não” – Olga Ribeiro, 54 anos, geógrafa e integrante da Gaviões da Fiel há 7 anos
“Sem as organizadas, acredito que ficaríamos com a sensação de um teatro, apenas aplaudindo. E futebol não é isso, é pular, cantar, torcer, é alegria” – Dayane da Silva Magalhães, 27 anos, assistente administrativa e santista associada à Torcida Jovem há 9 anos.

A torcedora do São Paulo conta um pouco sobre o desafio da mulher na Independente. Veja o vídeo abaixo:



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