Reunir-se com pessoas que amam o mesmo time e ficar mais próxima do clube são algumas das motivações de mulheres que participam das uniformizadas
Por Raíssa Vila
Uma
forma de apoiar o time do coração, além do convencional, é fazer parte de suas
torcidas organizadas para sentir-se ainda mais torcedoras. É o caso de milhares
de brasileiras que se associam às torcidas uniformizadas.
As
torcidas organizadas tiveram origem na década de 1960 no Brasil, com o objetivo
de apoiar o time, fazer um espetáculo visual na arquibancada e fiscalizar a
gestão do clube. No espetáculo incluem bandeiras, cantos, mosaicos e
performances dentro e fora do estádio.
A
primeira torcida organizada a ser criada no país foi a Gaviões da Fiel, em
1969. A torcida que a Olga Ribeiro, de 54 anos, acompanha desde criança e faz
parte há sete anos.
O
ambiente futebolístico é geralmente hostil e composto por uma maioria de
homens. Assim como na arquibancada da torcida normal, mulheres que fazem parte
das organizadas presenciam machismo e preconceito. Olga relata que na Gaviões
da Fiel já vivenciou episódios que representam esse desafio, como quando um
homem ofereceu a mesma marca de bebida para todos os integrantes homens da
torcida durante um churrasco, mas para ela deu uma de marca inferior apenas
por ser mulher.
Fora
esse caso, a torcedora do Corinthians só pontuou questões como mulher não poder
tremular a bandeira e tocar instrumentos da bateria.
A
facilidade na compra do ingresso foi o que atraiu a Dayane da Silva Magalhães a
entrar para a Torcida Jovem do Santos, mas não é só isso que a motivou a
continuar na torcida. “É uma maneira de reunir as pessoas que amam o mesmo time
e de ficarmos mais próximos do clube”, relata a santista.
De
acordo com Dayane, os integrantes respeitam e incentivam a torcida feminina, mas
costumam proibir que mulheres vão em jogos onde há a certeza de brigas, com o
intuito de protegê-las.
Na
Mancha Verde, da torcida do Palmeiras, o respeito também é imperioso, como
conta a Gabrielle Jaquiel. “A instituição é uma instituição muito evoluída
nesse sentido, nunca fui ofendida ou desrespeitada”, enfatiza a palestrina.
Apesar
dos relatos positivos das torcedoras das organizadas, mulheres de diversos
estados se reuniram no 1° Encontro Nacional de Mulheres de Arquibancada, em
junho de 2017, para discutir a participação feminina nos estádios e
estratégias contra o machismo nas torcidas.
Existem
páginas que discutem o assunto na internet, por meio de vídeos e posts,
encorajando a participação das meninas e desmistificando os estereótipos sobre
mulher não entender o funcionamento do esporte. São algumas delas: Dibradoras, Movimento Toda
Poderosa Corintiana, Mulheres
de Arquibancada, Garotas
de Organizadas.
“Sem as organizadas, acredito que ficaríamos com a sensação de um teatro, apenas aplaudindo. E futebol não é isso, é pular, cantar, torcer, é alegria” – Dayane da Silva Magalhães, 27 anos, assistente administrativa e santista associada à Torcida Jovem há 9 anos.
A torcedora
do São Paulo conta um pouco sobre o desafio da mulher na Independente. Veja o
vídeo abaixo:
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