Inclusão e diversidade no esporte motivam a iniciativa
Por Matheus Macedo
Fonte: Kevin Scott |
Durante toda a história da
humanidade, as práticas esportivas tiveram um papel significativo – para ajudar
na sobrevivência do homem, como nos casos da corrida e da caça, ou na
preparação para enfrentar guerras, como no caso da esgrima e de outras lutas,
além de contribuir também para o aperfeiçoamento do corpo humano. Certamente,
muitas dessas práticas sumiram com o passar dos anos e, hoje, são conhecidas
como práticas pré-esportivas.
O esporte como conhecemos nos dias atuais traz diversos benefícios para a sociedade, desde a inclusão social, tirando crianças e jovens das ruas e de situações de vulnerabilidade, até a melhora da qualidade de vida de quem o pratica. O esporte tem o poder de mudar vidas e servir como ferramenta de luta contra a violência, o racismo, a intolerância e o sexismo.
Apesar dos anos de luta contra os diversos preconceitos, ainda deparamos com situações de intolerância e desrespeito pelo próximo. Apesar disso, é preciso divulgar e difundir iniciativas que procurem combater rotulações e lutar em prol da inclusão no esporte.
Um exemplo desse tipo de iniciativa é o time LGBT Tamanduás-Bandeira Rugby Club. Fundado por Bruno Kawagoe, Alan Alves e Marcelo Cidral em março deste ano, é o primeiro time do Brasil voltado para a inclusão de pessoas de diversas orientações sexuais nessa modalidade esportiva. Bruno conta que a ideia inicial era promover treinos abertos antes de fundar o time.
“A gente percebeu que não precisaria de muita coisa nesse
começo. Precisava de um lugar pra treinar, algumas bolas e pessoas interessadas
em jogar”, relatou Bruno. Para pôr em prática a ideia, os três amigos criaram
um evento no Facebook e convidaram amigos próximos para participar do primeiro
treino. Desde então, todos os sábados, às 15h, em frente ao Obelisco do
Ibirapuera, e às quintas-feiras, às 20h, na Praça da Paz, cerca de 20 a 25
pessoas se reúnem para praticar o esporte.
Fonte: Kevin Scott |
Para participar, não importa a idade, a orientação sexual, o porte físico ou saber jogar – basta ter força de vontade para aprender uma nova modalidade esportiva. Marcelo Domingues, 26, descobriu o time através de amigos pelo Facebook. Ele conta que viu a confirmação de presença de um de seus amigos no evento, ficou curioso e foi perguntar a ele sobre o time. Marcelo acabou indo conhecer e já está há quatro meses frequentando os jogos.
Marcelo já havia praticado outros esportes, como jiu-jitsu
e vôlei, e chegara a tentar fazer um treino de rugby na faculdade, mas acabou
desistindo. “O esporte é muito legal e eu não conhecia. Aqui eu gostei, porque
tem muita gente começando e muita gente disposta a ensinar”, encerra.
Fonte: Kevin Scott |
Estreante no time, Josiane Santos decidiu participar do
treino após um convite de amigos que já participavam dos treinos. “É a primeira
vez que eu pego em uma bola de rugby, que vejo e ouço alguma coisa do esporte”,
confessa. Josiane diz que um amigo da faculdade que participa do time vivia
falando dos treinos e não deixava de ir a um único treino sequer.
Assim
como Marcelo, Josiane tentou praticar futebol com os amigos do trabalho – o que
não deu certo. “Faço natação na faculdade e nadar é muito mais fácil. É você (sozinha)
na piscina; ninguém está te empurrando ou te pegando e te abraçando”, admite.
Quando
o assunto é preconceito, Bruno diz que, pelo fato de o grupo ser grande, é mais
difícil as pessoas serem preconceituosas. “Aqui geralmente estamos em um grupo
de 20 a 25 pessoas, então acho que rola um medo de mexer, medo de retaliação,
de a gente revidar”, afirma o líder do time.
Fonte: Kevin Scott |
Para ele, o rugby é um esporte mais receptivo que os demais esportes. No entanto, confessa que ainda sente olhares indiscretos e ouve alguns comentários, ainda que sutis.
O rugby
O esporte, de origem inglesa, surgiu em meados do século XIX. Muito semelhante ao futebol, pode ser praticado por homens e mulheres e tem como características o contato físico e os jogadores correndo com a bola nas mãos.
No
Brasil, chegou no final do século XIX, mesma época em que Charles Miller
desembarcava no Brasil trazendo na bagagem não só uma bola de futebol, mas também
uma de rugby. O primeiro time de que se tem registro surgiu no Rio de Janeiro,
sob o título Clube Brasileiro de Futebol Rugby.
Charles
Miller, considerado o “pai” do futebol no Brasil, pode ter sido o responsável
por organizar a primeira partida da modalidade em 1894. Ele foi um dos
fundadores do São Paulo Athletic Club, o mais tradicional clube de rugby do
Brasil.
Diferentemente
do que aconteceu nos países vizinhos Argentina e Uruguai, em que o esporte
ganhou muitos adeptos, a modalidade não se propagou entre os brasileiros. Porém,
o esporte vem ganhando apreciadores desde que começaram a ser veiculados
torneios e seleções mundiais de rugby pela internet e televisão, além dos Jogos
Olímpicos sediados no Rio de janeiro.
Confira
como jogar e as regras do rugby:
0 comentários:
Postar um comentário