Políticas públicas de saúde mental motivam manifestações contra o Ministério da Saúde
Guilherme Garcia
Ato contrário ao aumento de leitos
em hospitais psiquiátricos defendido por secretarias estaduais e
municipais de saúde movimentaram as ruas de São Paulo em outubro. Usuários dos CAPS (Centro de Atenção
Psicossocial) e profissionais de psicologia se reuniram na avenida da
capital paulista e se manifestaram contra as propostas do governo e
do coordenador Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas doMinistério da Saúde, Quirino Cordeiro.
Usuários dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) se manifestam contra o modelo manicomial. Foto: Guilherme Garcia/FAPCOMUNICA ONLINE
Essa
manifestação foi decorrente de uma reunião entre representantes do
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e do
Ministério da Saúde e Conselho Nacional de Secretários Municipais
de Saúde (Conasems) que discutiu a possibilidade da expansão de
leitos em hospitais psiquiátricos como política pública de saúde
mental do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta tem o intuito de
substituir a política atual que prevê atendimento ambulatorial, em
que a internação só deve ser feita em casos cruciais e em
hospitais gerais.
Manifestante
faz a leitura da Carta de Bauru em ato contrário ao aumento de
leitos em hospitais psiquiátricos. Vídeo: Guilherme GarciaFAPCOMUNICA ONLINE
“A
posição do coordenador nacional de saúde mental, álcool e outras
drogas demonstra desconhecimento, desinteresse e desprezo frente aos
avanços nas formas de atenção à saúde mental em busca do cuidado
integral das pessoas em sofrimento psíquico, calcado em vasta
quantidade de estudos e pesquisas e de experiências exitosas, tal
Coordenação assume oficialmente o discurso do mínimo cuidado e da
exclusão social.”
Em
entrevista
coletiva
realizada na sede do CRP SP, o até então presidente da entidade,
Aristeu Bertelli, afirmou que a proposta representa um grande
retrocesso e desmonte da saúde pública. Ele diz que a proposta
favorece a iniciativa privada que ficaria responsável pelas
comunidades terapêuticas e lucrariam em cima dessa política. “É
a ideia de retroagir e transformar em gado pessoas que estão sendo
tratadas no território, transformar em dinheiro a partir do
manicômio como forma de lucro”, afirma.
Tentamos
entrar em contato com a assessoria do Ministério da Saúde e
Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, porém não tivermos
retorno.
Política
de saúde mental atual
Um
sistema de monitoramento do Ministério da Saúde relatou algumas
suspeitas de irregularidades no uso de verbas voltadas a ações de
saúde mental. Desde verbas de incentivo aos CAPS (Centro de Atenção
Psicossocial) até diversos outros serviços como comunidades
terapêuticas e consultórios de rua, geraram suspeitas por não
apresentar funcionamento, informa
matéria da Folha de S.Paulo.
Ainda
segundo a matéria, os valores repassados a esses serviços em forma
de incentivo totalizou cerca de R$ 185 milhões, mas as atividades não
foram realizadas. "Temos quase 400 leitos que foram incentivados
e não sabemos da existência deles", diz Quirino Cordeiro ao
veículo.
Essas
descobertas geram certo desconforto em ambos os lados dessa mesma
discussão. O Coordenador Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras
Drogas do Ministério da Saúde propõe uma possibilidade de
tratamento que contraria uma luta histórica de psicólogos e
instituições contrários à internação. Porém, também foi
verificado que há problemas na maneira como é administrada a verba
direcionada para os programas atuais de tratamento em liberdade.
Desta maneira, não há um consenso de quais seriam as melhores
medidas a serem tomadas a favor dos usuários destes serviços.
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